Não, não estou a falar de um pássaro, de um felino, de um réptil, de uma planta ou árvore. Estou a falar de elogios. Parece que estão mesmo em vias de extinção.
Um destes dias, apercebi-me da grandeza desta realidade.
Será que a capacidade de elogiar, especialmente as pessoas que amamos, e de quem gostamos, também “imigrou”? Já imaginou como a vida seria diferente se essa capacidade não tivesse sido afetada pela tal “virose”? Como se sentiria? Como os outros se sentiriam? Como tudo seria?
No país em que o auto-elogio é quase crime e em que nunca se é humilde o suficiente, era tão importante que pensássemos, nem que fosse só por alguns momentos, porque é que não encontramos uma “vacina” para esta nova patologia da “fobia do elogio”.
O divórcio, os conflitos parentais e familiares, as tensões e pressões no trabalho, as discussões com amigos, são motivadas pela não aceitação das diferenças, pelos erros de comunicação, mas também são ocasionadas pela incapacidade de “ver” o outro, de o elogiar e valorizar.
O que temos mesmo a perder? O que ganhamos em guardar elogios dentro de lindas caixas com um laçarote vermelho?
A capacidade de se auto-elogiar e de elogiar os outros, parece estar a ser vítima de um estranho “vírus” que a deixa como a bela adormecida, isto é, completamente adormecida. Será que algum dia irá despertar com um longo beijo, ou será que, mesmo depois do tal beijo, continuará a dormir?
Será que uma relação sobrevive sem elogios?
Sim, sobrevive, mas que relação será essa? Seguramente, uma “relação sobrevivente”, não uma relação saudável e “surpreendente”. A escolha é sempre sua, e feita a cada momento.Todos gostamos e precisamos que nos elogiem. Em qualquer relação. E se alguém afirmar que não gosta de elogios, ou que não precisa deles, muito provavelmente está a mentir. Os amigos, namorados, solteiros, casados, divorciados; Pais, filhos, avós… familiares, colegas, chefes, altos e baixos; Gordinhos, magrinhos, e todos, “entre eles”, todos gostamos, e precisamos, de elogios.
E não, não é uma questão de necessidade de aceitação dos outros. Também é, mas não só. É uma questão de fazer bem e bem querer. Porque não basta ouvir elogios, é preciso elogiar também. É preciso aprender a elogiar. Natural, genuína e espontaneamente. Como comer, como dormir, como trabalhar, como caminhar.
Sabe verdadeiramente qual o poder de um elogio sincero? Um momento de felicidade na vida de outro alguém! Então, porque não dar felicidade?
Independentemente da auto-estima, da auto-imagem, da auto-confiança e segurança, todos precisamos que os outros nos elogiem, que nos valorizem, que reconheçam o nosso valor, que olhem para nós e que nos vejam. Mesmo que ninguém o tenha ensinado a elogiar, mesmo que nunca o tenham elogiado, como sempre sonhou, mesmo que tudo tenha acontecido diferente do desejado, aceite este desafio: Comece hoje, neste momento, agora mesmo, a elogiar. Vai ver! É tão fácil. Dá e recebe tanto!
A “arte” de saber elogiar. Outra disciplina a ser lecionada na “escola do futuro”. Por enquanto, enquanto a “escola do passado” sobrevive, não era tão bom que todos nós nos interrogássemos porque deixamos esta “virose” comandar as nossas relações e a nossa vida? Porque decidimos não fazer os outros felizes, porque esperamos que nos façam felizes? E já agora, porque quase “exigimos” que olhem para nós, que nos vejam e que nos elogiem, quando nós próprios nos esquecemos de o fazer?
A mudança, pode começar agora: Arrisque e elogie… muito! Por cada elogio que fizer, sentirá tocar uma estrela! Provavelmente, o melhor presente de Natal!