Quando a VISÃO me convidou para escrever sobre Rugby, de uma forma natural e instintiva, foi este o Lema que me veio à cabeça…
Talvez porque essa é a inscrição que está patente na entrada do campo do meu clube o GD Direito;
Talvez porque essa tenha sido a frase que ouvi ao longo dos muitos anos que pratiquei a modalidade;
Mas, essencialmente, talvez porque esse foi o verdadeiro ensinamento que tive a felicidade de viver e sentir ao longo de todo o meu desenvolvimento como homem e como atleta, por amor ao meu clube e por amor à nossa Seleção, durante os muitos anos que joguei esta modalidade.
O desporto, em geral, fortalece o espírito, apura a coragem, ajuda na concentração e, naturalmente, contribui para um bom desenvolvimento físico do ser humano.
Mas no Rugby há algo de especial… Algo inato às características do próprio jogo.
O desporto mais coletivo que conheço, onde cada soldado tem o seu papel decisivo no contributo para a bom desempenho da sua equipa do seu exército.
O Rugby ensina-nos a perceber que uma equipa, a verdadeira equipa, reconhecendo a diferença de cada um dos indivíduos (seja física ou mental), é aquela que consegue colocar todos os seus atores a pensarem no mesmo objetivo, partilhando valores e princípios básicos que a todos unem.
Humildade, trabalho, persistência, coragem, confiança, respeito e, novamente humildade, são os tais princípios básicos que devem, de forma genuína e intrínseca, acompanhar o dia a dia do crescimento e desenvolvimento da equipa…
Concentrados nestes princípios, é deixar fluir as qualidades individuais de cada soldado, deixar sobressair as suas virtudes próprias, por forma a que, nas várias batalhas (leia-se jogos) que vão disputando, possam servir a equipa.
A vitória final (porque dependente de fatores por vezes aleatórios) não é um objetivo absoluto em si.
Talvez por isso, no Rugby, a única vitória que exigimos um dos outros, de cada um dos nossos soldados, é a vitória da superação. De darmos tudo a cada segundo. De nos entregarmos, de corpo e alma e de forma corajosa, em cada batalha.
Ganhar sem, no entanto, termos alcançado este objetivo não nos deixa tranquilos…
Por isso, no Rugby, gordos e magros, altos e baixos, com mais ou menos capacidade intelectual, respeitando os princípios atrás referidos, todos terão um lugar na Equipa… e, muito importante, todos sentirão a sua importância no desempenho na Equipa.
O ensaio (o golo no Rugby) poderá ser marcado pelo gordo ou pelo magro. Pelo feio ou pelo bonito. Pelo capitão ou pelo suplente… Mas sempre e em todo o momento, quem o marcar, sentindo-se orgulhoso por ter sido ele o autor material do ensaio, saberá sempre e reconhecerá que esse momento resultou do trabalho de Equipa.
E assim, ao longo de todas estas batalhas (jogos e treinos, muitas vezes à chuva e ao vento) se vão construindo amizades e gerações, no meio de momentos inesquecíveis que, sem darmos por isso, nos faz a todos melhores seres humanos…
O Rugby é escola de vida… Uma experiência que vale a pena ser vivida. Por miúdos e graúdos…