Este curioso nome de Fradelos, que outrora designou um monte, um rio e uma rua, no mínimo, há muito que desapareceu da toponímia portuense. Mas o povo continua a usá-lo e, quando fala da parte alta da rua de Sá da Bandeira diz “lá em cima, em Fradelos“. Mesmo a capelinha da invocação de Nossa Senhora da Boa Hora que se situa na esquina das ruas de Guedes de Azevedo e Sá da Bandeira, o antigo sítio de Fradelos, ainda hoje é conhecida por capela de Fradelos.
A origem deste topónimo não está muito bem esclarecida. A mais antiga versão diz que remonta ao século XII e que vem referido no documento da doação do couto do Porto que a rainha D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, fez ao bispo portuense D. Hugo. Na descrição dos limites do couto, constante do documento, lê-se o seguinte: “… e daí pelo monte dos cativos; e daí por onde parte Cedofeita, com Germalde; e daí pela cortinha dos frades; e daí pelo canal maior…” Ora, segundo uma antiquíssima tradição, a cortinha dos frades terá sido o lugar onde existiu, em tempos remotos, um convento que por ser pequeno era de fradinhos e dai o Fradelos.
Mas subsistem dúvidas, nomeadamente acerca da existência, ainda que remota, de um mosteiro no sítio de Fradelos. O que se sabe, isso sim, é que junto do tal monte de Fradelos, que ainda no século XVIII era terra alcantilada e fragosa, havia, desde tempos muito antigos, uma fonte junto da qual estava um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Boa Hora. A devoção popular a esta imagem é que deu origem à atual capela e ao culto à padroeira. Já agora, uma curiosidade: o tal Guedes de Azevedo que deu nome a uma rua atrás citada, foi um abastado capitalista que, nos finais do século XIX ofereceu à Câmara do porto alguns contos de reis para serem aplicados em melhoramentos na artéria a que depois (1901) a edilidade deu o nome dele. E assim se passa à posteridade…