A confirmar-se a projeção da Universidade Católica/RTP para os resultados nas eleições regionais nos Açores, a coligação PSD/CDS/PPM pode estar no limiar da maioria absoluta. Conseguindo ou não esse objetivo, uma vitória confortável da coligação funciona como um plebiscito à governação de três anos de José Manuel Bolieiro que, recorde-se, tinha perdido com alguma margem para Vasco Cordeiro (PS) em 2020 e que só governou depois de liderar uma geringonça à direita. A segunda conclusão é a de que uma eventual maioria absoluta da AD açoriana resolve o problema de Luís Montenegro, que escapa ao teste do algodão do recurso – ou não – a uma coligação do PSD/Açores com o Chega (que passaria a ser desnecessária), com tudo o que isso implicaria para o argumentário da campanha eleitoral nacional, para as legislativas, a 10 de março.
Mas mesmo que que não haja maioria absolta, o PSD tem aqui a oportunidade, muito confortável, de testar a concorrência à direita e à esquerda, sem qualquer necessidade de se aliar ao Chega – mesmo que precise dos votos dos deputados deste partido para ter maioria na Assembleia Regional. Basta a Bolieiro formar governo, apresentá-lo nessa Assembleia e esperar. Compete, depois, ao Chega decidir se quer deitar abaixo um governo de direita, sem ter nada em troca para dar. E ao PS caberá decidir se quer deitar abaixo esse mesmo governo, sem ter, também, qualquer alternativa ou possibilidade de formar um excutivo – e fazendo, assim, um favor ao Chega, que se tornaria então sim, indispensável para uma solução governativa.
E este laboratório é mesmo um ensaio geral, quer para as legislativas, quer para os argumentos da campanha. Neste caso, quem está entalado, não é o PSD, mas sim o PS. E o Chega.