Ao fim de mais de 15 meses de disrupção laboral devido ao Covid-19, especificamente no setor de serviços e sendo um especialista no setor de escritórios, gostava de partilhar dois pontos em particular que se enquadram num dos grandes temas da atualidade – o teletrabalho.
É razoável afirmar que nada voltará a ser como foi. Partilho desta opinião até porque a única constante é a certeza que as coisas mudam.
É minha convicção que existem dois pontos estruturais que ajudam a explicar a vontade de alguns trabalhadores para quererem trabalhar mais tempo a partir de casa. Primeiro é o tempo de deslocação casa/trabalho. Temos já dados que nos permitem afirmar que existe uma correlação entre a vontade das pessoas voltarem ao escritório e o tempo de deslocação até ao mesmo. Quanto mais tempo o trabalhador leva a chegar ao seu local de trabalho, menos vontade tem de ir ao escritório.
As empresas têm a responsabilidade de analisar a dispersão geográfica dos seus colaboradores e calcular tempos de deslocação tendo em conta os acessos rodoviários, conexões com diversos transportes públicos e caminhos pedonais e ciclovias. Quem conseguir otimizar os tempos de deslocação da sua força de trabalho ganha uma vantagem competitiva.
O outro ponto é mais sensível e tem origem na cultura da sociedade em que estamos inseridos não só em Portugal mas ainda na maior parte do mundo. É o pressuposto que quando a pessoa vai para o escritório e se senta no seu local de trabalho irá passar as próximas 7 a 8 horas, no mesmo sitio, com um ambiente vigiado e controlador onde quem mais passa tempo sentado ao computador é tido como um excelente ativo.
Pois bem, entendo que este é um ponto que necessita de ser desconstruído de forma a atrair de volta as pessoas aos escritórios, aumentar a produtividade e satisfação pessoal. Aos trabalhadores deve ser dada liberdade de movimentos e atividades no seu local de trabalho de forma a agilizar questões pessoais, familiares, de saúde e lazer. A autorresponsabilização dos colaboradores deve ser medida pelos seus resultados e contributos organizacionais e não pelo tempo que passa sentado em frente ao computador.
Gozo desta liberdade na Cushman & Wakefield há 15 anos o que permite ter um equilíbrio pessoal e familiar ao mesmo tempo otimizando os resultados da minha função.