1. O ídolo das argolas – Kohei Uchimura é idolatrado no Japão, com direito até a ter a sua fotografia na fuselagem de um dos aviões da Japan Airlines. Entre os ginastas, todos lhe chamam Superman, alcunha alicerçada em três títulos mundiais consecutivos, o primeiro atleta a consegui-lo na sua modalidade. Desde quarta-feira, 1 de agosto, o japonês de 23 anos ostenta também o título de campeão olímpico, após uma exibição sem mácula, no North Greenwich Village, que deixou o público extasiado – e os outros competidores absolutamente rendidos.
O alemão Marcel Nguyen, medalha de prata, declarou que “ninguém consegue superar Uchimura”. E o norte-americano Danell Leyva, que saltou para o bronze mesmo no último exercício, só lamentou não ter ficado no mesmo grupo de Uchimura durante a prova: “Se eu soubesse japonês teria-lhe dito que ele é o melhor ginasta de todos os tempos.” Apesar de ter dominado todo o concurso e terminado com uma diferença confortável face a todos os outros adversários, a verdade é que Kohei Uchimura não chegou a demonstrar em Londres tudo aquilo que já mostrou noutras provas. A partir do momento em que ganhou vantagem, passou a geri-la, sem ter que arriscar em exercícios muito complicados. Só que chegou para ganhar, mesmo num dia… mau. “Quando acordei não me sentia nada bem”, reconheceu na conferência de Imprensa final. “Mas depois vi que o meu colega Imamura ia ser obrigado a desistir, por causa da queda que deu na prova de equipas, e prometi-lhe que ia competir também por ele.” Percebe-se porque ele é idolatrado pelos outros ginastas.
2. A princesa dos atletas – Zara Phillips é já, para os britânicos, uma das figuras destes Jogos Olímpicos. A neta da rainha Isabel II – filha da princesa Ana – foi determinante para a medalha de prata da equipa britânica no hipismo e a sua atitude de ter optado por ficar a dormir na Aldeia Olímpica, durante o tempo dos Jogos, calou bem fundo no espírito desportivo da nação. Na quarta-feira, 1, vestida com o fato de treino branco do Team GB, e com a mochila vermelha às costas, lá esteve ela, com outros atletas, quase anónima, no pavilhão a assistir à final do concurso individual masculino de ginástica. Depois, quando o japonês Uchimura recebia os aplausos, ela aproveitou para se ir embora. Só que foi reconhecida por um grupo de militares: durante alguns minutos lá ficou a tirar fotografias com todos eles, um a um. “Ela é uma grande olímpica!”, rejubilava um dos militares, enquanto mostrava a foto no seu telemóvel.
3. Atitude recompensada – Tinha elogiado aqui, há uns dias, a atitude de Pedro Oliveira que, na apresentação aos jornalistas, quando chegou a Londres, afirmou que encarava os Jogos Olímpicos “como uma viagem de negócios”. Por isso, justificou, não foi à cerimónia de abertura. “A diversão fica para depois”, disse, com ar sério. Ora bem, Pedro Oliveira foi o único nadador português a bater um recorde nacional nestes Jogos de Londres, ao tirar, na quarta-feira, 1, quase um segundo à melhor marca de 200 metros costas que já lhe pertencia. Não chegou, mesmo assim, para atingir as meias-finais é verdade, mas é o único, até ao momento, que sai de Londres “mais rápido” do que aquilo com que chegou. Há tipos que não enganam!
4. O exemplo do badminton A coragem da Federação Internacional de Badminton e o apoio dado pelo Comité Olímpico Internacional na decisão de expulsar oito atletas da competição, por se terem deixado perder para evitar adversários difíceis na ronda seguinte, pode tornar-se num dos acontecimentos mais importantes no desporto atual. Porque essa é, de facto, uma prática corrente, não só no badminton, mas em muitas outras modalidades. Agora, o exemplo foi dado. E logo por cima: duas das afastadas, eram as chinesas que formavam a dupla n.º 1 do mundo!