O Amadora BD 2014, Festival Internacional de Banda Desenhada, organizado pela Autarquia, comemora 25 anos, de 24 de outubro a 9 de novembro, no Fórum Luís de Camões, na Amadora. O JL falou com o diretor, Nelson Dona, que nos adiantou tratar-se de uma edição em que vai ser possível recordar os clássicos e tomar contato com trabalhos contemporâneos de autores portugueses e estrangeiros. O festival conta com uma mostra de revistas de BD, uma exposição, na FNAC do Chiado, até dia 14 de dezembro, com os cartazes das suas 25 edições, e uma Masterclass.
Como será esta 25ª edição do Amadora BD?Nelson Dona: O festival faz 25 anos e, portanto, a primeira coisa que propomos ao público é fazer um balanço. Mas também estar atento às novidades e ao formato digital. Além disso, comemoram-se os 75 anos do Batman, com peças que vêm do mundo inteiro, numa das maiores exposições que alguma vez se fez sobre este personagem, em Portugal e no estrangeiro. Temos, também, a exposição dos 50 anos da Mafalda, de teor mais lúdico, não propriamente museográfico.
Quais os autores portugueses em destaque? Quisemos reforçar a ideia de que a BD portuguesa está em plena forma, com gerações completamente diferentes. Desde a homenagem ao José Rui à retrospetiva e exposição de Joana Afonso, a autora em destaque, que, tal como o festival, tem 25 anos. Destaco ainda a exposição em torno do fonzine BDLP, Banda Desenhada de Língua Portuguesa, que reúne autores de todos os Países Lusófonos. Devemos dar maior atenção a esta ideia que todos falamos a mesma língua, e que esta língua gera uma comunidade global que nos une e nos aproxima, apesar do mar que nos separa.
Que balanço faz destes 25 anos?A longevidade do festival prova que, ainda, é possível fazer atividades culturais em Portugal. A BD portuguesa é uma arte rica com bastante reconhecimento internacional. Infelizmente em termos editoriais não não tem a correspondência que merece, apesar de nos últimos anos alguns autores portugueses terem publicado no estrangeiro. Modéstia à parte nós temos contribuído muito para isso, não só pela presença constante no meio cultural português, mas também pelas parcerias que estabelecemos com outras instituições. Levamos, constantemente, BD portuguesa lá fora e trazemos autores e editores estrangeiros ao festival.
O festival também tem servido para revelar novos talentos?Sim, é muito importante não esquecer que temos um concurso de BD que permite aos novos autores apresentar as suas obras ao público. Muitos dos que ganharam o prémio do AmadoraBD são hoje autores de referência contemporâneos. Penso que, o papel do Amadora BD é por vezes quase invisível, um trabalho de bastidores com uma importância crucial na formação de públicos, leitores e autores. Cátia Sofia Moreira