E à 13ª edição regressa, nesta sua vertente, o (Fernando) Assis (Pacheco) entrevistador singular, com entrevistas que são em simultâneo crónicas saborosas naquela sua prosa inconfundível. E o escritor, conversador/contador de histórias que todos que o conheciam consideravam único, com quem o Assis foi falar a Beja, onde vivia, faz a capa deste nº saído a 18 de agosto de 1981: Manuel da Fonseca. Poeta, romancista, contista, então dos mais populares e vendidos, a conversa sobre a sua vida e obra, quando se assinalavam os seus 40 anos de vida literária, o Alentejo, onde estaria a voltar a fome, a política, a conversa, ocupando três páginas, é excelente, como não podia deixar de ser. E nela participou também, acompanhando a Beja o Assis, o Augusto Abelaira – dos nossos três colaboradores/coordenadores só faltou o Eduardo Prado Coelho…
Após esta abertura da edição, Cecília Barreira escreve sobre “Teixeira de Pascoaes, entre a lembrança e o desejo”; segue-se uma polémica: o escritor espanhol, estudioso da literatura portuguesa, Jesús Herrero, contesta o livro Poesia portuguesa do Orpheu ao neorrealismo, de Eugénio Lisboa – no qual critica o livro de Herrero sobre Torga e o nosso colaborador responde-lhe; e depois Finisterra, paisagem e povoamento, de Carlos de Oliveira, é objeto das três pp. das análises de Maria de Lourdes Ferraz e Eduarda Dionísio.
Mais adiante Maria Antónia Fiadeiro dá-nos uma ampla visão do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian (e mais à frente é Amadeo Lopes Sabino a evocar “uma tarde de março” no museu da Fundação) e Luís Francis Rebello fala da “surrealismo na Assembleia da República”, a propósito da lei sobre domínio público remunerado, e em matéria de exclusivos o destaque vai para uma extensa entrevista de France Huser com o artista britânico David Hockney, com grande sucesso em todo o mundo, e outra, mais curta de Hector Bianciotti com V. S. Naipaul.
Além de notícias, comentários e crítica de espetáculos e livros – nesta ‘estreia-se’ nas nossas colunas Guilherme d’Oliveira Martins, a recensear uma obra de Medeiros Ferreira, enquanto António Reis e Fernando Pereira Marques também escrevem sobre ensaios políticos – temos as secções habituais, além dos textos de alguns dos nossos cronistas. No caso, Abelaira, Alexandre Pinheiro Torres, José Sesinando (com o “Quantinho do Leitor” a preencher meia p. do seu “Escituralismo”) e Miguel Esteves Cardoso. E uma surpreendente longa – mais de uma página… . “Ode a Cahora Bassa”, do arquiteto Francisco Keil do Amaral, que um programa de enorme êxito da RTP, a “Cornélia” (onde o Assis também brilhou) tornou muito conhecido, mesmo popular, como o “Pitum” – é com este nome, e aquele apelido, que assina a ode.