![Barra Mil](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/11/6343341Barra-Mil.jpeg)
A crise chega a todos, e nem um produto de excelência e único como é o porco alentejano, comummente designado de porco preto, escapa a este cenário. Se, há uns anos, facilmente se encontravam explorações com centenas de porcos, agora o cenário é outro… ficaram os resistentes. É o caso de João Rosado, um jovem criador de porcos alentejanos, que, apesar de ter apenas 30 anos se dedica há mais de uma década a esta atividade. “Quando comecei, o negócio ainda era rentável!”, diz-nos sorrindo.
É numa pastagem por ele comprada, perto da sua propriedade em Evoramonte, que encontramos cerca de centena e meia de porcos do seu efetivo de 1 300. João ainda tem 120 mães – as chamadas porcas reprodutoras -, mas é precisamente neste fator que chega o primeiro indicador alarmante. O secretário-geral da ANCPA – Associação Nacional dos Criadores do Porco Alentejano, Pedro Bento – também presente nesta visita – dá-nos os dados: “Neste momento, existem 6 mil reprodutoras, o que quer dizer que a raça está ameaçada a curto prazo. Oficialmente, com menos de 5 mil, fica considerada muito ameaçada. Isto põe em causa a preservação de uma raça nacional autóctone e do seu património genético.” O cenário resulta do aumento dos custos de produção, da crise no consumo – principalmente de produtos de qualidade como é o caso do porco alentejano e seus derivados – e da falta de fiscalização no que diz respeito à origem do que chega ao mercado. Há muita carne nas prateleiras com menor qualidade e com a designação de porco preto. E ouve-se mais um desabafo de João Rosado: “Há regras, para os produtores, que são muito apertadas e desnecessárias mas, no que é importante, como a fiscalização, ninguém atua.” Quando questionados sobre que medidas se deveriam tomar para inverter este processo, as respostas saem rápidas: atuar a nível do mercado para valorizar o que se produz, melhorar a eficiência das explorações – produzir mais e melhor -, baixar os custos de produção e, da parte da tutela, uma norma nacional que regulamente a comercialização do produto e respetiva designação.