Há sete meses foi a uma entrevista de trabalho e contrataram-na para gerir 320 hectares de amendoal. Joana Pires, 34 anos, comanda um projeto único, dependente do investimento de Vicente Llopis, um espanhol com uma fábrica de processamento de amêndoa em Alicante.
Trata-se do maior amendoal europeu de regadio, aqui possível por causa da recém-chegada água do Alqueva à barragem do Roxo. Situada em Rio Moinhos, já tem 320 hectares mas o empresário pretende incentivar outros produtores a reconverterem-se a esta produção, atingindo 3000 hectares. Assegura-lhes uma ajuda ao investimento em contrapartida da compra de 60% da produção.
As árvores, espaçadas a quatro metros umas das outras, em linhas a seis metros de distância, produzirão, em velocidade de cruzeiro, 384 toneladas de amêndoa de primeira qualidade. O seu destino é a fábrica valenciana de Llopis e, daí, a indústria dos gelados e as confeitarias do famoso Torrão de Alicante
Joana confessa-se uma apaixonada pelo projeto, depois de vários anos a conduzir os mais tradicionais destinos da Herdade do Grou, uma propriedade alentejana centrada na policultura da vinha, do gado e dos cereais. Mas reconhece-se uma novata num domínio onde os perigos dão pelo nome de pulgões, gafanhotos, piolho verde, aranhiço vermelho, gusano cabeçudo e formigas. Pragas à parte, ainda tem de lidar com o encharcamento constante dos solos, prejudicial à raiz fasciculada das amendoeiras, e com uma persistente acidez dos terrenos, pouco amiga destas árvores.
Mas Joana importou caixas de abelhões para incrementar a polinização, além de alugar colmeias em Janeiro, para as abelhas fecundarem o amendoal. Mandou instalar condutas para drenar as águas que tornam o seu terroir num lamaçal a partir de Outubro. È uma batalha ao serviço da produção, com o engenho da ciência e um inabalável otimismo. Joana, a agrónoma, não desiste. Vencerá.
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