A procura para compra de habitação mantém a tendência de queda e as expetativas são para que esta situação se mantenha nos próximos três meses, de acordo com os resultados de abril do inquérito de confiança Portuguese Housing Market Survey (PHMS), um barómetro realizado mensalmente em parceria pelo RICS e pela Confidencial Imobiliário que permite auscultar mediadores e promotores imobiliários sobre o sentimento relativo ao mercado residencial.
Na base da quebra de vendas e das expetativas contidas parecem estar a incerteza gerada pelo programa público “Mais Habitação” e a subida das taxas de juro, apontadas pelos inquiridos como os dois principais fatores de pressão sobre a atividade transacional.
O inquérito de abril mostra ainda que, devido a estes dois fatores de pressão, a procura residencial está a começar a direcionar-se para o mercado de arrendamento, levando a um aumento adicional das rendas, que já naturalmente tendiam a crescer devido à escassez de oferta. Relativamente aos preços, não há perspetivas de descida em reflexo de um eventual choque de procura, uma vez que o mercado continua a lidar com uma grave falta de oferta.
“Para os agentes inquiridos, a incerteza resultante do pacote Mais Habitação está a afetar compradores e investidores, pressionando as vendas, que continuam abaixo dos níveis de 2022. A isto acrescem as condições adversas no mercado de crédito”, explica Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.
Tarrant Parsons, economista enior do RICS, corrobora, especificando que “as subidas das taxas de juro continuam a impactar a atividade do mercado habitacional, com as expetativas de curto-prazo a refletirem um sentimento de contenção”. E isso acontece num cenário positivo para a economia, já que “se antecipa um crescimento económico em torno dos 2,5% para Portugal em 2023, confortavelmente acima da média da zona Euro”, reforçou ainda o economista.