Pandemia, guerra, inflação… Fenómenos extremos que estão a impactar negativamente o mercado imobiliário português ao reduzir a oferta de imóveis para uma procura que se mantém bem ativa. Dados do especialista em finanças pessoais e familiares Doutor Finanças em conjunto com a Alfredo, uma plataforma de Inteligência Artificial que recolhe dados do setor imobiliário, mostram que o stock de imóveis disponíveis para venda ‘encolheu’ substancialmente em Portugal – “em dezembro de 2022, havia 157.593 imóveis disponíveis no mercado, o que traduz um decréscimo de 17,57% face ao final do ano anterior. Este valor compara com o pico de 267.349 atingido em maio de 2020, mês em que se registou a maior oferta”, refere-se no comunicado hoje divulgado.
O resultado direto dessa redução de imóveis tem vindo a refletir-se no preço das casas em Portugal, que aumentou 9,7% em 2022, segundo os dados da Alfredo que mostram que, no final do ano, os imóveis residenciais foram transacionados a um valor médio a nível nacional de 2.066 euros por metro quadrado.
Preços só caíram na Guarda
A Guarda foi a única capital de distrito a registar uma queda anual no preço das casas. Em dezembro, os imóveis residenciais foram transacionados a um valor médio de 411 euros por m2, o que representa uma descida de 17,8% face ao mesmo mês do ano anterior. Paralelamente, foi também dos distritos em que o tempo médio disponível no mercado foi mais elevado.
Por outro lado, a maior subida de preços foi registada em Évora, onde se assistiu a um aumento anual de 36,9%.
Quanto ao tipo de imóvel apurou-se que as moradias valorizaram mais que os apartamentos, ou seja, um aumento de 13% versus 9,3% observado no segmento de apartamentos. “Ainda assim, estes últimos estavam a ser vendidos a um preço médio de 2.850 euros por m2, mais do dobro dos 1.130 euros por m2 das moradias”, destaca-se no estudo.
No caso dos apartamentos, Évora foi o município que registou o maior aumento anual (32%) e, simultaneamente, o tempo de absorção mais baixo (60 dias), seguido do Funchal e Setúbal.
No polo oposto, foi em Lisboa que o preço dos apartamentos menos aumentou face a 2021 (6%), e em que o tempo de venda se manteve entre os mais elevados a nível nacional (133 dias).
Évora, Portalegre e Leiria lideram subidas de preços
Considerando apenas o último mês do ano passado, o Índice de Preços Alfredo aponta para uma descida dos preços médios dos imóveis residenciais de 0,5%, com o valor dos apartamentos a subir 0,5% face a novembro e o das moradias 0,2%. Esta aparente divergência resulta da diminuição significativa do número de apartamentos transacionados e considerados na análise, que, pelo seu peso, em termos de preço, no índice, cria alguma distorção na evolução mensal global.
Évora, Portalegre e Leiria foram os municípios onde os preços mais aumentaram em dezembro, com acréscimos de 5,8%, 5,1% e 4,6%, respetivamente.
No que se refere à oferta, Lisboa foi a capital de distrito com o maior número de apartamentos no mercado, enquanto Portalegre apresentou a menor oferta e o preço mais baixo.
Já no caso das moradias, o Porto foi a capital de distrito com mais oferta em dezembro. Os preços mais altos, porém, foram mais uma vez observados na capital, onde as moradias foram transacionadas a um preço médio de 425 mil euros, contrastando com a Guarda, que viu estes imóveis serem vendidos por 50 mil euros, em média.