A maioria das mediadoras imobiliárias associadas da ASMIP (Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal) registou quebras de atividade em 2020 e vê com preocupação o desenrolar deste novo ano ainda dominado pela pandemia. No inquérito realizado durante o mês de janeiro junto das 850 empresas associadas ativas da ASMIP, 54% dos inquiridos referiu que a sua atividade em 2020 reduziu em comparação com 2019, com quebras que em alguns casos chegaram aos 25%. Para 23% o negócio manteve-se igual, o mesmo percentual que afirma ter obtido melhores resultados, apesar do panorama singular.
O futuro, neste momento, é tudo menos risonho e por isso para 2021 as expectativas estão em baixa com 46% das empresas inquiridas a prever uma redução da atividade durante este ano, enquanto que 30% acredita na manutenção e, apenas, 24% acha que poderá registar-se um crescimento dos negócios.
Por segmentos, “é visível que a realização de negócios é esperada sobretudo na componente residencial e nos terrenos. Para todas as demais categorias é considerado que haverá uma quebra nas vendas, com destaque para os 77% dos inquiridos que acreditam na diminuição das vendas de habitação turística, contra 20% na manutenção e apenas 3% que acham que haverá algum aumento do negócio”, diz o inquérito da ASMIP.
Há também uma perceção generalizada de que os negócios de venda de espaços comerciais, industriais e escritórios serão bastante afetados pela crise, considerando, ainda, que nestes segmentos a mesma situação vai acontecer com os arrendamentos.
Quanto ao tipo de frações que mais se venderam em 2020, 48% dos inquiridos afirmam terem sido os apartamentos T2, logo seguido das moradias, com 42%, seguindo-se os T3 e, por último, os terrenos.
Procura de moradias aumenta
A pandemia veio trazer alterações em termos de procura de tipologias, com as moradias a atraírem muitas pesquisas tal como os terrenos para a construção de raíz.
“Este é um fator a ter em conta nos novos projetos em desenvolvimento não só nas cidades, como nas suas periferias, e também na província, que permita responder às solicitações crescentes que tem vindo a ser sentida”, considerou Francisco Bacelar, presidente da ASMIP.
Nas razões que ajudam a explicar esta situação está o aumento do teletrabalho, que começa a ser visto como uma mais-valia pelas empresas e, também, por muitos colaboradores.
O rsponsável lembrou também a importância da boa rede viária que existe no país e que permite fazer médias ou mesmo longas distâncias, em curtos períodos. “Um potencial enorme, especialmente para os concelhos a menos de uma hora de distância dos principais centros urbanos, e mesmo dos mais distantes, onde também se tem vindo a assistir a esse tipo de procura crescente, que poderá contribuir para a retoma, que todos desejámos seja rápida”, acrescentou Francisco Bacelar.
Na análise das respostas ao inquérito referentes aos preços da habitação em 2020, verificou-se ainda que 40% apostou na manutenção dos preços, enquanto que 30% considera que houve um aumento e os restantes apontam para a quebra dos valores.
Em relação à oferta de habitação nesse período, a maioria dos inquiridos (44%) aponta para a manutenção do stock, logo seguida dos que apontam para a sua diminuição, com 40%, sendo que apenas 16% afirmam que aumentou. Já quanto à procura, 42% dos inquiridos garantem que diminuiu e 32% que se manteve, os restantes que se manteve igual.
Face às respostas obtidas ao inquérito, o presidente da ASMIP alerta para a urgência da implementação de medidas que protejam o setor. “Com a quebra de vitalidade deste setor, toda a economia perde, e as consequências serão transversais para muitas outras áreas suas fornecedoras, e por inerência de si dependentes”, rematou o presidente da ASMIP.