Apesar da pandemia e de um confinamento que durou cerca de dois meses, “da profunda contração económica que daí resultou e da rarefação das receitas do turismo que nem no Verão conseguiram ser recuperadas, o imobiliário em Portugal mostrou sinais de grandes resistência, e mesmo dinamismo, uma vez que em 65,1% dos municípios assistiu-se a um aumento homólogo dos asking prices registados em ambos os segmentos residenciais (apartamentos e moradias)”, anunciou hoje a consultora imobiliária Imovendo, no relatório de janeiro que analisa o comportamento imobiliário a nível regional em 2020.
Por outro lado, 26,4% dos concelhos acabaram o ano de 2020 já a experimentar um ajustamento em baixa nos valores de ambos os segmentos de mercado residencial, “um indicador que em apenas dois meses cresceu mais de 7 pontos, o que revela, não só um final de ano de crescente reposicionamento do produto residencial, como de dilatação dos tempos médios de divulgação e uma maior pressão para escoar os ativos por parte das famílias”, sublinha ainda a Imovendo.
Na sua análise, a consultora realça que apesar da pandemia, estes resultados vêm de encontro às tendências registadas no mercado nos últimos cinco anos, “pois apesar do arrefecimento real no número de transações realizadas (que em termos anuais deverá rondar entre os 8,7% e os 9,9%) e das enormes limitações à mobilidade internacional que caracterizaram o ano transato, as regiões mais expostas ao turismo e aos fluxos de investimento imobiliário internacionais mostraram claros sinais de resiliência, que permitiram que os asking prices praticados, tanto em apartamentos, como em moradias, mantivessem uma trajetória de crescimento na maioria dos seus municípios”.
Tomando como exemplo o Algarve e a Região Autónoma da Madeira, constata-se, por exemplo, que os preços das moradias cresceram entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020 em todos os municípios do distrito de Faro e em 7 dos 11 municípios do arquipélago, verificando-se igual tendência nos apartamentos, em que apenas foi observado um ajustamento em baixa em 4 dos 16 municípios algarvios.
Sem surpresas, o concelho de Lisboa apresenta os valores médios mais elevados nas transações com o valor dos apartamentos a ultrapassar os 600 mil euros (mais precisamente €624.564), logo seguido de Cascais com 593 mil euros. Quando o critério é a moradia, a posição inverte-se – Cascais surge em primeiro nos valores médios transacionados com 1,3 milhões e Lisboa com 1,15 milhões.
Entre os concelhos mais baratos do distrito de Lisboa para comprar uma moradia (uma procura que tem vindo a disparar com a pandemia) contam-se Azambuja (cerca de 172 mil), Alenquer (186 mil) e Cadaval (192 mil).
Na cidade do Porto, os valores médios transacionados fixaram-se nos €344.471 para os apartamentos e 690 mil para as moradias. As zonas mais em conta para adquirir uma vivenda no distrito é Lousada (168 mil), Marco de Canavezes (194 mil) e Amarante (197 mil).