O trabalho não está terminado. Pierre-Olivier Gourinchas avisa que o desafio da inflação pode demorar mais tempo a ser ultrapassado e que governos e bancos centrais devem evitar fazer “coisas estúpidas”. Em entrevista à VISÃO, o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) deixa elogios a Portugal, mas recomenda a António Costa que não vá mais longe nas medidas de apoio. O que fazer com a margem nas contas? Descer mais a dívida pública seria “muito apropriado”. A conversa com o responsável do FMI ocorreu no segundo dia do Fórum BCE, em Sintra, onde Gourinchas apresentou um estudo que mostra que as medidas não convencionais do Estado ajudaram a conter a inflação. Pode fazer-se mais nesse campo?
Ouvimos a vice-diretora do FMI dizer que a inflação está a demorar a descer, pelo que os juros terão de permanecer altos. A política monetária não está a ser tão eficaz como era esperado?
É muito cedo para dizer isso. Temos um enorme aumento dos juros. Não apenas pelo BCE, mas pela Fed (EUA), o Banco de Inglaterra, o Banco do Canadá, muitos bancos centrais. Mas começou há pouco mais de um ano, já vemos alguns efeitos e há mais a vir. Em comparação com outros episódios históricos, acho que estamos no intervalo onde esperaríamos ver o impacto da política monetária. Não diria que não está a ser eficaz. Demora tempo e funciona com diferentes canais em diferentes países.