Está há quase um ano no cargo e acumula alguns dos dossiers mais sensíveis que o Governo tem em mãos, como o acolhimento de refugiados. Isabel Almeida Rodrigues, 58 anos, olha com preocupação para o momento “crítico para os direitos humanos” e fala num “retrocesso”, a que Portugal, “por estar na ponta da Europa, não será indiferente”. Advogada, açoriana, a secretária de Estado da Igualdade e Migrações reconhece a “necessidade de reforço” de meios para auxiliar quem chega de novo ao País, mas ressalva que Portugal não deixou ficar mal o povo ucraniano. E, na semana em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres, a governante promete não baixar os braços na luta pela igualdade, que “terá de continuar a ser intensa e permanente”.
Nos últimos anos, parece que andamos de crise em crise: depois da pandemia, a guerra e o aumento do fluxo de refugiados. As políticas públicas têm acompanhado estes tempos e tentado inverter a trajetória?
A situação socioeconómica agravou-se e isso contribui para o aumento do fluxo migratório. Em Portugal, entre 2015 e 2022, recebemos cerca de 62 600 refugiados, sendo que, destes, cerca de 57 mil reportam apenas ao ano de 2022. Num curto espaço de tempo tivemos de rapidamente adaptar a nossa capacidade de acolhimento. Este esforço tem sido acompanhado pelo reforço dos recursos ao nível da integração, mas este é um desafio que estamos ainda a enfrentar. Por outro lado, está a aumentar muito, em toda a Europa, o número de pessoas que migram por outras causas que não estão compreendidas nas figuras da proteção internacional e Portugal está a tentar adaptar-se. Não diria tanto ao nível das políticas públicas – porque os princípios têm de ser os mesmos: garantia de direitos e de cidadania –, mas é necessário capacitar de forma a podermos responder.