Quando uma pessoa se sente doente em Portugal, qual é o seu passo seguinte? É a esta pergunta que o estudo Acesso a Cuidados de Saúde – As Escolhas dos Cidadãos 2020 procura responder. A análise revela que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua a ser a primeira escolha de 85% da população. À VISÃO, o autor da investigação divulgada em junho, o professor de Economia da Nova SBE Pedro Pita Barros, revela que o cancelamento de consultas e de exames e o receio do contágio pelo vírus SARS-CoV-2 foram as principais barreiras de acesso a cuidados de saúde nos primeiros meses da pandemia, altura em que também se verificou uma fuga das Urgências. Apesar de a proporção de pessoas que não conseguem comprar todos os medicamentos de que necessitam ter diminuído (menos de 1/3 dos inquiridos), esta continua a ser uma das principais dificuldades das famílias. Aos 54 anos, o coordenador do Nova SBE Health Economics & Management Knowledge Center não poupa os detratores das parcerias público-privadas (PPP) e atira-se à gestão dos hospitais públicos.
Até que ponto o estudo agora apresentado consegue avaliar o impacto da pandemia no acesso a cuidados de saúde?
O estudo cobre a fase inicial da pandemia e, olhando para esses primeiros três meses, vemos um efeito muito curioso: os cancelamentos por parte dos sistemas de saúde, público e privado, mas também uma reação relativamente forte dos doentes que deixaram de ir ao médico por receio. Ao tomarem essa decisão, muitas pessoas poderão ter ocultado problemas que vão surgir com gravidade mais tarde ou, noutros casos, aquela consulta não era, de facto, necessária.