No início do mês passado a Apple anunciou a sua intenção oferecer uma nova funcionalidade capaz de identificar conteúdos de abuso infantil, tais como pornografia infantil, armazenadas nos iPhone. Contudo, devido às polémicas e críticas que enfrenta agora, a gigante tecnológica emitiu um comunicado onde anunciava a sua intenção de adiar o lançamento das ferramentas que permitem detetar conteúdos sexuais nos dispositivos das crianças.
Recorda-se que quando a funcionalidade da Apple foi anunciada rapidamente se levantaram preocupações pela eventual utilização imprópria deste recurso e os utilizadores argumentaram com a quebra de privacidade. Nesse sentido, e tendo em conta as preocupações dos utilizadores, a Apple adiou a implementação desta funcionalidade com o objetivo de poder melhorar esta tecnologia antes de a implementar.
“Com base no feedback enviado por clientes, associações, investigadores e outros, decidimos usar os próximos meses para reunir informações e fazer melhorias antes de lançar estas medidas importantes para a defesa de crianças”, pode ler-se em comunicado.
A nova funcionalidade permitia fazer a análise das imagens diretamente nos dispositivos dos utilizadores através de uma função de dispersão criptográfica (hash). Na prática, este sistema transforma uma imagem numa série de caracteres para que a privacidade dos utilizadores pudesse ser preservada. Durante o processo de análise, o sistema procura fotos que correspondam a determinadas imagens de conteúdo ilegal conhecido pela Apple. Quaisquer correspondências deverão ser relatadas para análise humana.
Os ativistas prontamente exigiram que estes planos fossem abandonados. “Apesar do sistema ser bem intencionado para proteger as crianças e reduzir a propagação de conteúdo de abuso sexual de menores, estamos preocupados com a possibilidade de ser usado para censurar o discurso protegido, ameaçar a privacidade e segurança das pessoas em todo o mundo, tendo consequências desastrosas para muitas crianças”, pode ler-se numa carta aberta composta por mais de 90 organizações civis e grupos de defensores de direitos. Contudo, a Apple sempre garantiu que iria manter o seu compromisso na proteção de dados dos utilizadores.
Esta não será a única funcionalidade que a Apple vai adiar uma vez que a empresa comunicou que também iria adiar o lançamento da funcionalidade que avisaria menores sobre mensagens de caráter sexual, noticiou o CNet.
Assim, a intenção de incorporar este recurso em outubro com a atualização dos sistemas operativos já não vai acontecer. Contudo, até ao momento a Apple não confirmou oficialmente uma nova data para o lançamento.