Ao longo dos últimos anos, a Apple tem cedido às preocupações de sustentabilidade e à crescente contestação por parte dos defensores do direito à reparação. Agora, ao mesmo tempo que anuncia a chegada da Diagnostics for Self Service Repair para 32 países na Europa, a gigante tecnológica publica um estudo, intitulado Longevity by Design, onde realça os benefícios de ter um equipamento que dure mais tempo sobre as vantagens de ter um aparelho que possa ser reparado.
Nele, John Ternus, vice-presidente senior de Engenharia de Hardware da Apple, afirma que “a capacidade de reparar um aparelho ou de aceder a serviços de reparação são considerações importantes quando desenhamos produtos duradouros. No entanto, otimizar para a reparabilidade por si só pode não trazer o melhor resultado para os nossos clientes ou para o ambiente”.
A Apple tem vindo a lançar iPhones cada vez mais focados na possibilidade de serem reparados, mas a estratégia do emparelhamento de peças (a exigência de um determinado componente para determinado sistema funcionar completamente) tem vindo a ser criticada.
Agora, a Diagnostics for Self Service Repair, lançada no ano passado, chega a 32 países europeus. Esta ferramenta, que estava apenas disponível nos centros de reparação autorizados da Apple, permite ao utilizador fazer o diagnóstico do seu aparelho e identificar que componentes devem ser substituídos.
A ferramenta evidencia outro comportamento da Apple: a necessidade de se usarem componentes originais, com os de terceiros a serem autorizados, mas a não terem, por vezes, o mesmo nível de acesso ao sistema. A empresa de Cupertino justifica estes acessos mais restritos defendendo que estes componentes podem não estar calibrados ou representar um risco de segurança.
No estudo publicado, a Apple escreve que “dar prioridade à reparabilidade pode ser enganador quando a necessidade do serviço não é frequente”, cita o Tech Crunch. Fazendo referência a um estudo de caso interno acerca da porta de carregamento do iPhone, a empresa indica que este componente “é um módulo de alta durabilidade que pode ser reparado enquanto unidade, mas raramente necessita de substituição”.
“Tornar esta porta substituível individualmente implicaria componentes adicionais, incluindo a sua própria placa de circuito impressa, conectores e aceleradores, o que iria aumentar as emissões de carbono necessárias para a produzir”, afirma. “As emissões mais elevadas só se justificam se a porta tivesse de ser substituída em pelo menos 10% dos aparelhos. De facto, a taxa de serviço atual é de 0,1%, o que significa que a nossa abordagem de desenho implica menos emissões de carbono durante o ciclo de vida do aparelho”.
Outro ponto defendido pela Apple é que “há centenas de milhões de iPhones que estão em uso há mais de cinco anos – e esse número tem vindo a aumentar”. “Numa altura em que alguns dos nossos rivais estão a começar a prometer o suporte de vários anos ao sistema operativo, a Apple foi pioneira na prática de fornecer atualizações gratuitas aos nossos consumidores há mais de uma década para permitir que os produtos durem mais tempo”, afirma a tecnológica.