A Waymo, empresa detida pela Alphabet (que também é dona da Google), recorreu a dados de milhões de quilómetros percorridos pelos seus carros autónomos nos estados do Arizona e da Califórnia, nos EUA, para sustentar que este tipo de condução é mais segura e mais vantajosa do que a condução feita por humanos. Os dados, recolhidos ao longo de mais de 11,4 milhões de quilómetros, revelam que os carros conduzidos por humanos apresentam o dobro da probabilidade de estarem envolvidos em acidentes que devem ser reportados às autoridades e, dependendo de como se faz a conta, e entre quatro a seis vezes maior probabilidade de estarem envolvidos em acidentes com feridos quando comparados com os carros autónomos.
Ao longo da análise, os carros da Waymo estiveram envolvidos em apenas três acidentes dos quais resultaram feridos ligeiros. Extrapolando a estatística, ao longo do mesmo número de quilómetros, mas com um humano ao volante, ter-se-iam registado 13 ferimentos, calcula o ArsTechnica. Feitas as contas, os carros autónomos têm uma média de menos do que um ferido ligeiro por cada 1,6 milhões de quilómetros percorridos.
O timing da revelação destes dados não podia ter sido mais oportuno, com a rival da Waymo, Cruise, a estar a passar por um mau bocado, depois de um dos seus carros autónomos ter arrastado uma mulher ao longo de alguns metros. A Cruise está agora sem diretor executivo, perdeu 24% da força de trabalho e tem as operações suspensas, com o futuro da empresa a ser incerto para já. Com esta situação, a Waymo surge como líder de mercado e, com estes dados agora revelados, cimenta a sua posição.
Estudos independentes mostram que nem sempre os condutores reportam todos os acidentes às autoridades, pelo que a Waymo teve esse fator em consideração ao extrapolar o número de acidentes por cada milhão de quilómetros percorridos, com humanos ao volante. O estudo apresentado agora pela Waymo foi, na sua generalidade, bem recebido pelos especialistas do Insurance Instittute for Highway Safety, ou IIHS, uma organização sem fins lucrativos e apoiada pela indústria dos seguros nos EUA, que tem interesses óbvios em promover a segurança automóvel.
O trabalho agora será convencer a opinião pública e os reguladores sobre a segurança da condução autónoma e das suas vantagens para os utilizadores. Por outro lado, há a pergunta, ainda sem resposta, sobre se a tecnologia de condução autónoma da Waymo leva a menos colisões fatais do que a condução humana.