No ano que passou, o setor das cibermoedas explodiu, atingindo grande notoriedade e merecendo a atenção de investidores experientes e outros menos experientes que procuraram lucro fácil. Estiveram também reunidas as condições ótimas para quem quisesse criar esquemas paralelos e fraudes para enganar os utilizadores. A Chainalysis publicou um relatório onde calcula que um em cada quatro destes tokens surgidos no ano passado constituiu uma fraude. A empresa avaliou apenas os tokens que chegaram a valorizar alguma coisa pouco depois do lançamento.
A empresa detalha ainda o método de atuação usado em grande parte destas tentativas de fraude: num esquema pump and dump, o criminoso inflaciona o preço de um bem que detém e depois acaba por vendê-lo, sem qualquer aviso; a venda abrupta resulta numa desvalorização do bem, lesando as vítimas.
Kim Grauer, diretora de investigação da Chainalysis, explica à Wired que “olhamos para os dados de blockchain e percebemos que a melhor forma em que poderíamos contribuir era analisando os tokens criados especificamente para esquemas de pump and dump (…) Há milhões destes tokens. Como saber quais os legítimos e quantos são esquemas?”. A investigadora revela então que foram criados mais de um milhão destes tokens no ano passado e, destes, apenas 9902 chegaram a valorizar. Desta pequena fração, 24% constituía uma tentativa de pump and dump de curto prazo, com o criador do token a conduzir à desvalorização logo na primeira semana de vida da moeda.
A Chainalysis conseguiu desenhar o perfil destes criminosos, revelando que 445 indivíduos ou organizações tentaram estes esquemas mais do que uma vez, 23 destes fizeram-no mais de dez vezes e foi inclusivamente detetado um indivíduo que realizou 264 destas fraudes.
Apesar do volume, a empresa calcula ainda que este tipo de esquemas não é particularmente rentável para os cibercriminosos: ‘apenas’ 30 milhões de dólares, ou 0,5% num total de 5,9 mil milhões que foram roubados em crimes relacionados com cibermoedas.