No palco principal do Web Summit, em conversa com o Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, Nathan Blecharczyk, cofundador da Airbnb, contou velhas e novas histórias.
Recordou o início da vida da empresa de alojamento temporário, em que três jovens recém-chegados a São Francisco decidiram complementar o rendimento espalhando colchões de ar pelo chão do apartamento onde viviam, cobrando 80 dólares por noite por dormida com direito a pequeno-almoço (Airbnb – Air Bed and Breakfast) e ainda a fase seguinte, no ano de 2008, durante as eleições presidenciais americanas, quando para conseguirem pagar as contas se puseram a vender caixas de cereais de pequeno-almoço com as caras dos candidatos, Barack Obama e John McCain. Uma operação que lhes rendeu 30 mil dólares, permitiu manter a empresa à tona e chamar a atenção da imprensa e de algumas figuras públicas. “Inovação não é só começar novas companhias”, disse. “O mais importante é a garra”, insistiu. É esta característica que distingue os vencedores.

Nas histórias novas, Nathan Blecharczyk quis mostrar uma faceta de bom samaritano, realçando os esforços da plataforma em colaborar com os governos ao incluir o sistema de emissão de faturas, o que já terá rendido seis mil milhões de dólares em impostos, só no mercado americano. E ainda o compromisso da empresa de redirecionar o turismo, “permitindo que todos possam beneficiar de um rendimento extra” e pelo caminho poupando os destinos mais procurados da invasão de turistas.
Como garantir que todos beneficiam do turismo? Dispersando. “Há seis meses reinventamos as viagens”, disse, referindo-se às 56 categorias de pesquisa disponíveis na plataforma e dando o exemplo da “vinha”. Ou ainda o sistema de pesquisa “Flexível”. Com este novo método de escolha de destinos de viagem, foi possível desviar 20 por cento dos turistas da freguesia de Santa Maria Maior e 15 por cento da freguesia da Misericórdia, em Lisboa. Também se concluiu que é 42% mais provável que um turista que se apresente como “flexível” escolha um alojamento fora do centro da cidade.
Estes dados, revelados durante o evento, fazem parte do novo relatório sobre turismo sustentável, que inclui a primeira análise ao impacto das novas ferramentas de pesquisa e que mostra um desvio nas marcações de diversos destinos muito populares, para outros menos conhecidos, de acordo com a empresa.
“Os hóspedes que usam o modo flexível reservam menos (-17,5%) nos 20 destinos mais populares do Airbnb na Europa e mais frequentemente nas comunidades menos visitadas, fora do top 400 (+35,5%)”, lê-se no relatório. Atualmente, uma em cada vinte reservas é feita no modo “flexível”.
Carlos Moedas aproveitou o palco para voltar a promover a ‘sua’ fábrica de unicórnios, localizada no Hub Criativo do Beato e apresentada esta semana. “A fábrica é um sítio para as pessoas virem com ideias diferentes. Queremos atrair vinte companhias que olhem para os problemas por um ângulo diferente”, disse o Presidente da Câmara, que deixou o apelo: “por favor, venham para Lisboa.” Se encontrarem um sítio para morar, ficou por dizer.