A Woo é, assumidamente, uma nativa digital. Esta operadora, que disponibiliza serviços de tarifário móvel e Internet fixa, entrou no mercado português há dois anos, utiliza a infraestrutura da NOS, mas nasceu como uma marca independente. João Lima Raposo, diretor da Woo, em entrevista à Exame Informática, salienta que dois dos principais pilares em que a empresa assenta é o da simplicidade e o da autonomia, pelo que o utilizador encontra na app todas as formas de interação que necessita.
Contudo, até agora, faltava uma peça para o processo de adesão a um tarifário móvel ser completamente digital: a necessidade de um cartão SIM físico, que também impedia que o processo fosse imediato. Algo que a Woo consegue superar agora com a disponibilização de um eSIM 100% digital. Uma funcionalidade que surge com um timing interessante, já que a Apple, aquando do lançamento dos novos iPhone, revelou que nos EUA os smartphones deixariam de ser vendidos com ranhura para cartão SIM, passando a suportar apenas eSIM.
Em Portugal, o eSIM da Woo começa a ser disponibilizado precisamente em iPhone – a partir do modelo XS e até aos mais recentes – e era algo em que a operadora já se encontrava a trabalhar há algum tempo “por acreditar que o futuro passaria por eSIMs”, destaca João Lima Raposo. “O lançamento da Apple vem provar que estávamos certos e agora é esperar a massificação no mercado”, acrescenta.
A caminho do Android
A opção por estrear a ativação do eSIM 100% digital em iPhones prende-se com o facto de a Apple conseguir ter um controlo maior sobre o ecossistema iOS, o que facilita o processo de certificação quando comparado com o Android. A Woo está, obviamente, também a trabalhar na disponibilização deste eSIM para smartphones com o sistema operativo da Google e está previsto que ainda esta semana chegue aos terminais Samsung – as linhas S21, S22 e Z Fold serão as primeiras a receber.
“A breve prazo esperamos lançar em todos os Android que suportem eSIM”, revela João Lima Raposo. Refira-se que os telemóveis Huawei com serviços Google serão igualmente abrangidos. Os dados que a Woo possui apontam para que smartphones com suporte para eSIM sejam atualmente 20% do parque em Portugal, mas as previsões apontam para que esse número suba para os 50% em um ano.
A Woo tem a decorrer uma campanha de experimentação em que oferece um mês de utilização grátis (o volume de dados e número de minutos disponibilizados varia consoante o tarifário) e a Exame Informática teve a oportunidade de testar o processo de instalação de um eSIM num iPhone 14 Pro e confirma a rápida ativação do serviço da Woo (mais detalhes na edição da revista nº330).
O diretor da operadora revela que a expetativa de transformar em clientes as pessoas que experimentam o serviço fique acima dos 40% nos casos em que os utilizadores têm efetivamente condições para mudar. Para os outros, a Woo ambiciona deixar uma boa impressão para que possam voltar no futuro.
Novidades previstas para a net fixa
Após dois anos de atividade no mercado português, pedimos a João Lima Raposo para fazer um balanço da atuação da Woo: “Foi um percurso rico. Rico em resultados, em concretizações e em reconhecimento do cliente”. Nascida do âmbito da NOS, mas como uma marca completamente independente, com equipa própria e gestão autónoma, a Woo, como referimos, partilha a infraestrutura da NOS, embora, como frisa o executivo, “sem que isso condicione aquilo que é o seu posicionamento”.
Este operador tem 10% de quota de mercado no segmento que é denominado por ‘low cost’ e tem na Uzo, Nowo e Lyca os seus concorrentes diretos. “Acreditamos que é só o princípio, acreditamos que com a proposta de valor que temos e com o que conseguimos evoluir do ponto de vista de produto podemos fazer mais, mas os resultados provam que o projeto fazia sentido e que temos as bases construídas para fazer este caminho de crescimento”, afirma o diretor da Woo.
O tarifário móvel da Woo que tem atualmente maior procura é o de entrada (€10 por mês), não só porque é o que tem menor custo, mas também porque “somos generosos na oferta de Internet e esse tarifário serve para a maioria dos portugueses”, explica João Lima Raposo. Para o futuro, a operadora promete uma maior evolução dos produtos relacionados com a oferta da net fixa. “Neste momento, é o móvel que sustenta o crescimento da marca, mas em 2023 provavelmente será uma combinação entre ambos”, vaticina o responsável.