Yasser Elabd assina um relatório publicado na Lioness na semana passada onde acusa a Microsoft de o ter despedido depois de ter alertado a liderança da empresa para a existência de atos de corrupção perpetrados ao longo de vários anos, especialmente nas regiões do Médio Oriente e África. Elabd descreve que trabalhou na gestão de um fundo de investimentos empresariais da Microsoft entre 1998 e 2018 e que foi despedido depois de ter denunciado estes esquemas internamente.
“O tomador da decisão do lado do cliente envia um email para a Microsoft a pedir um desconto, que é atribuído, mas o cliente final acaba por pagar o preço total na mesma. O valor do desconto é depois distribuído por todos os intervenientes: funcionários da Microsoft envolvidos no esquema, o parceiro e o tomador da decisão do lado do comprador, que muitas vezes é um oficial governamental”, acusa Elabd, citado pelo Engadget.
O ex-gestor revela que consultou várias auditorias independentes que revelam que a prática é recorrente há anos. Entre as transações suspeitas, Elabd refere um desconto feito ao Ministério do Interior da Arábia Saudita de 13,6 milhões de dólares que nunca chegou a ser aplicado à agência, uma queixa de um funcionário governamental nigeriano que descobriu que o país pagou 5,5 milhões de dólares por licenças para hardware que não possui e o Ministério da Educação do Catar que pagou 9,5 milhões de dólares por licenças de Office e Windows que não usou, tendo sido descoberto em auditoria que a agência nem sequer tinha acesso a computadores.
Elabd afirma que levou a documentação de evidência destas práticas às autoridades dos EUA, mas que o Departamento de Justiça não quis pegar no caso e a SEC (Securities and Exchange Commision) anunciou que ia deixar cair a investigação por falta de meios.
Becky Lenaburg, vice-presidente da Microsoft, desvalorizou a denúncia: “Acreditamos que já investigamos anteriormente estes temas, muitos deles já com alguns anos de idade e já os endereçamos. Cooperamos com as agências governamentais para resolver quaisquer preocupações”.