A Huawei sempre recusou ter cooperado com o governo de Pequim nos esforços de espionagem e monitorização dos cidadãos, nomeadamente das vozes dissidentes. No entanto, o The Washington Post noticia ter tido acesso a mais de cem apresentações de PowerPoint onde a empresa detalha várias soluções que podem estar atualmente a ser usadas. Muitos destes diapositivos estão marcados como confidenciais, mas outros estiveram até há bem pouco tempo disponíveis num site público da Huawei.
Numa das apresentações, mostrada em versão traduzida para inglês, é possível ler-se a descrição de uma tecnologia que ajuda as autoridades a analisar registos de voz e compara-os a uma base de dados contendo ‘impressões digitais’ da voz de cidadãos e sugere-se que possa ser usada para identificar indivíduos dissidentes ou que estejam envolvidos em temas polémicos como Hong Kong, Taiwan ou minorias étnicas. Outro documento detalha sistemas de vigilância de prisões que, aparentemente, foram implementados na Mongólia e na província de Shanxi, bem como em campos de detenção em Xinjiang, onde se concentra o grupo de Uyghurs.
O Engadget noticia que um terceiro slide mostra sistemas de monitorização em uso em Xinjiang desde 2017, onde a tecnologia de reconhecimento facial terá ajudado a deter alguns “criminosos suspeitos”. Por fim, um outro relatório apresenta um sistema de vigilância que ajuda a localizar “pessoas de interesse político” através do uso dos seus aparelhos eletrónicos e que pode estar a ser usado na província de Guangdong, a mais populosa do país.
Muitos destes documentos foram criados em 2014 e tiveram alterações até ao ano passado, altura em que foram retirados ‘do ar’. Um porta-voz oficial afirma que a empresa “não tem conhecimento dos projetos mencionados na peça do The Washigton Post”.