Uma mensagem com caráter ameaçador publicada na conta do presidente da Nigéria, Muhammadu Buhar, foi considerada como estando a violar a política de ‘comportamento abusivo’ e foi apagada do Twitter. Pouco tempo depois, o serviço foi suspenso “indefinidamente” na Nigéria, com o governo a alegar o “uso persistente da plataforma para atividades que são capazes de colocar em perigo a existência oficial da Nigéria”. No sábado, a procuradoria geral e o ministério de Justiça do país revelaram que irão perseguir e prender quem tente contornar o bloqueio.
As agências governamentais têm instruções para cooperar para a rápida condenação destas pessoas. Há relatos de que várias pessoas estão a usar serviços de VPN para poderem continuar a navegar, publicar e ler no Twitter.
A mensagem apagada do presidente sugeria que iria punir os secessionistas do país, referindo-se também à guerra do Biafra, que matou mais de milhão de pessoas: “muitos dos que estão a portar-se mal hoje são demasiado novos para saber da destruição e da perda de vidas que ocorreram durante a guerra do Biafra. Nós, que durante 30 meses estivemos no terreno e passamos pela guerra, iremos tratá-los com uma linguagem que percebam”.
Os executivos do Twitter assumiram preocupação pela decisão do governo nigeriano e asseguraram estar a trabalhar para restaurar o acesso à plataforma, noticia o The Verge. A Amnistia Internacional já veio a público condenar a suspensão do Twitter: “é só mais uma forma de demonstrar que os direitos das pessoas não interessam, só o que o Estado quer (…) Isto é um precedente perigoso e deve ser claramente apelidado como tal”, afirmou Osai Ojigho. A Amnistia Internacional na Nigéria apelou a que as autoridades revertessem a decisão de imediato e parassem com “outros planos para amordaçar os media, reprimir o espaço civil e colocar em perigo os direitos humanos no país”.
Um relatório de 2020 daquele organismo conclui que as autoridades nigerianas “usam leis repressivas para assediar, intimidar, prender e deter defensores dos direitos humanos, ativistas, trabalhadores de órgãos de comunicação social e críticos. Indivíduos sem ligação ao estado também sujeitam os jornalistas a intimidação, assédio e espancamentos”.