“É um bom sinal para o futuro”, chamou-lhe o reitor da Universidade de Aveiro (UA), Paulo Jorge Ferreira, sobre a escolha da UA como local para a cerimónia oficial de adesão de Portugal à iniciativa Gaia-X. Com esta adesão, promovida pelo Governo Português, através da Secretaria de Estado para a Transição Digital, e o TICE.PT, que é a entidade responsável pela dinamização e operacionalização do hub, o país passa a fazer parte desta rede europeia, que é no fundo uma espécie de federação de entidades com interesse na economia de dados e da cloud. “Os dados estão muito fragmentados e distribuídos”, sublinhou o secretário de Estado, André de Aragão Azevedo. A rede, nascida claramente para combater a hegemonia americana e a fragilidade europeia nesta área, deverá incorporar os ditos valores europeus. Ser “aberta, federada, incutir de forma nativa os valores europeus, a proteção de dados, a transparência, de forma a que a Europa possa funcionar como um mercado único digital”, descreveu André de Aragão Azevedo.
Admitindo o atraso europeu – só 21% das empresas europeias, contra 33% das americanas, recorrem a serviços de cloud – o Gaia-X aparece como a solução para combater o receio que os empresários europeus sentem perante as dificuldades de interoperabilidade e a desconfiança face ao controle dos dados, problemas identificados como algumas das preocupações e que tem impedido as empresas de adotar estas tecnologias.
Presentes na cerimónia também estiveram empresas como a Sonae, a Glint ou a Bosch. André de Aragão Azevedo quer que “todo o tecido empresarial faça parte”.
A nível europeu, o Gaia-X, que se apresenta como uma sólida infraestrutura europeia de dados, apoiada pela Comissão Europeia, conta já com uma forte aliança de empresas e organizações com mais de 500 participantes de cerca de 350 empresas e organizações. Destas organizações, três em quatro são empresas privadas de diversos setores, com as PME a serem responsáveis por um peso de 50% do total. Este é um projeto europeu e global e tem como objetivo estabelecer espaços e ecossistemas de dados em vários domínios na Europa.
Os objetivos são ambiciosos: 40% das PMEs a adotar o Gaia-X, em 2024, e 50% das instituições financeiras, saúde, serviços públicos. Para Manuel Ramalho Eanes, Presidente do TICE.PT, “a criação do hub português do Gaia-X vai permitir às empresas nacionais acederem a uma plataforma de inovação única, fomentando a sua competitividade e a prosperidade europeia.”