A Netflix revela que a ferramenta DIMPACT, desenvolvida na Universidade de Bristol, forneceu dados importantes sobre a poluição causada pela utilização dos seus serviços. Os dados apurados para 2020 mostram que ver uma hora de streaming na Netflix gerou menos de 100 gramas de CO2E (equivalente ao dióxido de carbono), equiparado a conduzir um carro médio cerca de 600 metros.
Para empresas de streaming, a ferramenta DIMPACT é essencial no cálculo de quanto carbono é que a sua infraestrutura ajuda a produzir para a atmosfera. Na prática, trata-se de uma elaborada calculadora que permite às empresas de meios digitais mapearem e gerirem as suas pegadas ecológicas, explica a Wired. A solução divide-se em quatro módulos: streaming, publicidade, editorial e recolha, organização e análise de dados para tomadas de decisão (business intelligence).
No caso da Netflix, o módulo de streaming de vídeo consiste num conjunto de todos os processos necessários dentro da organização, como uma simulação de todo o processo de uma série ‘sair’ de um centro de dados e chegar ao dispositivo do utilizador. A ferramenta fornece informações sobre as emissões em âmbito Scope 3, ou seja, sobre a poluição causada por fornecedores e por clientes ou utilizadores. No caso do entretenimento, é calculada a poluição feita pelas produtoras de conteúdos, pelo processo de distribuição do conteúdo via internet e pelo consumo dos utilizadores.
Este tipo de temas está na ordem do dia, com várias tecnológicas a assumirem as suas metas: a Microsoft quer atingir a neutralidade carbónica em 2030, a Apple quer ser neutra também por essa altura e a Facebook comprometeu-se em ter zero emissões no lado dos fornecedores e do lado dos utilizadores, enquanto a Google promete passar a usar apenas energias renováveis. A Netflix, por sua vez, ainda não anunciou quaisquer objetivos ou planos neste sentido, apesar de ter assumido a intenção de reduzir o seu impacto no clima.
A Netflix pretende usar estas conclusões para produzir um estudo mais aprofundado sobre o tema. Para já, os dados do DIMPACT mostram que uma hora de streaming é o equivalente a ter uma ventoinha de teto de 75 watts ligada durante seis horas na Europa ou um ar condicionado de 1000 watts durante 40 minutos. A ferramenta permite identificar as áreas de atuação nas quais a Netflix pode incidir para tornar os seus serviços e a sua oferta mais ‘verdes’. As mudanças podem passar por migrar centros de dados para localizações mais próximas dos consumidores, alterar a plataforma para se desligar mais rapidamente quando não está em uso ou colaborações com outras tecnológicas na cadeia de fornecimento para se encontrar otimizações possíveis.
Outras soluções já foram usadas no passado, por exemplo, pela BBC em 2016 e pelo YouTube em 2019 para produzir estudos semelhantes.
David Schien, um dos principais autores da DIMPACT, afirma que “tem havido muita alarmismo, desinformação e cálculos puramente errados no passado. Não tenho qualquer querela pessoal. Sou apaixonado pelo ambiente e quero avaliar o impacto ambiental destes serviços”.