O grupo de investidores do fundo de pensões representado pelo condado de Norwich, Inglaterra, considera que a Apple e Tim Cook devem ser responsabilizados pelas declarações do diretor executivo que induziram em erro os acionistas e levado a perdas de milhares de milhões de dólares. Agora, a juíza distrital Yvonne Rogers conclui que o fundo de pensões tem legitimidade para processar a Apple por ter ocultado que o mercado chinês estava em quebra e que a empresa deve enfrentar as consequências que venham a ser sentenciadas.
Em causa estão declarações de Tim Cook a 1 de novembro de 2018 quando, durante uma conferência com analistas, admitiu que a Apple estava a enfrentar a pressão de vendas em alguns mercados emergentes e afirmou que “eu não colocaria a China nessa categoria”. Alguns dias depois, a Apple comunicou aos fornecedores que deviam restringir a produção e, em janeiro de 2019, anunciou de forma algo inesperada uma previsão de receitas em baixa (de cerca de nove mil milhões de dólares). Na altura, Tim Cook alegou que as tensões entre os EUA-China eram um dos motivos para esta revisão em baixa. As ações da Apple caíram 10% no dia seguinte, levando a uma erosão de mercado de 74 mil milhões de dólares, lembra a Reuters.
A Apple e Tim Cook defenderam-se das acusações dos queixosos na altura, dizendo que não havia prova de que tivessem defraudado expetativas ou intencionalmente enganado os investidores. Agora, nem a empresa nem Cook se pronunciaram sobre a decisão do tribunal publicada num documento de 23 páginas que considera plausíveis as acusações dos acionistas.
A juíza admite que Cook pudesse não estar completamente ciente dos “sinais preocupantes” vindos da China e que a empresa já estava a ver, mas é difícil de acreditar que estivesse completamente às escuras sobre o impacto que as tensões de comércio pudessem vir a ter no negócio da Apple.
Já os queixosos defendem que Cook sabia dos riscos de discutir o negócio na China durante a conferência com os analistas e infere-se que “Cook não atuou de forma inocente ou meramente negligente”, considera a juíza.
A queixa vem do Fundo de Pensões de Norfolk, representados pelo Conselho do Condado de Norfolk, em Inglaterra.