A série Biohackers da Netflix leva-nos até à Universidade de Friburgo onde acompanhamos a estudante Mia Akerlund na sua investigação dos segredos mais negros da professora Tanja Lorenz. Os episódios exploram os temas da biologia sintética e da engenharia genética, mostrando as consequências caso estas ferramentas caiam nas mãos erradas. Agora, a Netflix aliou-se ao professor Robert Grass, da Universidade de Zurique, e à empresa Twist Bioscience para armazenar o primeiro episódio da série em ácido desoxirribonucleico (ADN) sintético, uma ‘estreia’ para a Netflix neste formato de registo de informação .
A empresa de São Francisco Twist Bioscience forneceu os segmentos de ADN sintético usados neste projeto e o professor Grass coordenou todas as operações. A CEO da empresa, Emily Leproust, escreve que “a capacidade de armazenar dados digitais em ADN parece futurista, mas o futuro é agora”.
Além da manobra publicitária de mostrar estas capacidades de armazenamento futuristas, os mentores da iniciativa explicam que há grandes benefícios em guardar conteúdos como vídeos, documentos e música em ADN. Leproust afirma que o “ADN é uma molécula incrível que, pela sua própria natureza, fornece armazenamento de grande densidade capaz de resistir milhares de anos”. O professor Grass corrobora dizendo que “em teoria, um grama de ADN pode armazenar 200 exabytes de dados – ou seja, 200 milhões de terabytes (…)”. “Teoricamente, 20 gramas de ADN seriam suficientes para armazenar todos os dados digitais do mundo atual”, realça Leproust.
“Os discos rígidos e cartões de memória SD, por exemplo, mantêm-se estáveis durante cinco a 20 anos (…) mas temos registos fósseis antigos, que têm muitos anos de idade, e que ainda contêm o ADN fóssil natural”, lembra o professor.
O processo de gravação passou pela conversão das sequências de 0 e 1 digitais para as sequências de A, C, T e G do ADN. O laboratório produziu algoritmos de correção de erros para evitar perdas ou degradação de informação. A Twist procedeu depois à codificação de dados em pequenos segmentos que pudessem ser sintetizados e armazenados.
Apesar de todas as fases do processo de armazenamento em ADN (escrita, armazenamento e leitura) já terem sido demonstradas teoricamente em vários momentos, o processo precisa de ser otimizado para poder ser escalado e os custos serem reduzidos.