A Deco fez uma análise que considera ser “o retrato dos conflitos de consumo dos portugueses” entre 2010 e 2019. Os setores das telecomunicações, energia e água, serviços financeiros e serviços de compra e venda lideram a lista. Só em 2019, foram registadas mais de 343 mil contactos de consumidores com algum tipo de reclamação.
O comunicado de imprensa explica que, na década em análise, foram recebidas mais de 539 mil reclamações sobre telecomunicações, desde velocidade anunciada de Internet ao período de fidelização, passando pela dupla faturação, refidelização, práticas comerciais desleais, cobrança pela fatura em papel e dificuldade no cancelamento do contrato. Também o processo de migração para a TDT lesou milhares de consumidores, com a Deco a apontar a publicidade enganosa das operadoras e uma deficiente estratégia de implementação do plano do apagão tecnológico como as principais queixas.
Nas práticas comerciais desleais, a Deco inclui vendas agressivas feitas porta-a-porta, pelo telefone ou por Internet e que motivam quatro mil reclamações por ano, assim como problemas relativos à garantia dos bens ou não cumprimento do prazo de livre resolução do contrato, num total de mais de 325 mil reclamações entre 2010 e 2019.
O setor da energia é outro figurante habitual neste tipo de rankings, ano após ano, e aparece nesta lista de análise de uma década. Práticas comerciais desleais, prescrição e consumos excessivos, dupla faturação e complexidade da fatura e atraso no seu envio são alguns dos motivos invocados para reclamação.
A falência de transportadoras aéreas e de prestadores de serviços turísticos e de lazer, como aconteceu com a Marsans ou a Vida é Bela, lesa os consumidores e, apesar de as agências já terem um mecanismo de proteção, os clientes continuam desprotegidos em muitas outras situações de falência e encerramento de empresas. Em setembro de 2016, o caso Ryanair lesou milhares de passageiros que viram os seus voos cancelados. Este setor é um dos que regista um aumento no volume de reclamações e os constrangimentos nos voos, bem como as práticas comerciais desleais indiciam que se manterá no ranking da próxima década.