Carlos Gomes da Silva sobe ao palco com os números bem definidos na cabeça. Na assistência, o CEO da Galp conta com representantes da “bolha” empreendedora e de 15 startups selecionadas para desenvolverem projetos em parceria com a petrolífera nacional. Petrolífera? Talvez seja tempo de rever alguns conceitos históricos com números previamente estimados: na próxima década, entre 40% e 50% dos investimentos de empresas como a Galp deverão incidir na denominada transição energética. A estes primeiros números logo se juntam outros: o consumo de energia deverá crescer 30% a 40% nos próximos 20 anos. Se estes números não chegam para confirmar que algo terá de mudar, mais não resta que tomar a iniciativa. «Se aplicarmos estas tecnologias poderemos responder à procura dos próximos anos», antevê o líder da Galp como mote para o que se segue: o anúncio de uma «fábrica de inovação», que pretende dar largas à inovação que a Galp terá de operar na próxima década. A iniciativa, que dá pelo nome de UP, vai ter um espaço físico em Lisboa – que deverá ser anunciado no início de 2020.
«Admitimos poder vir a apostar na aceleração de negócios, mas a nossa prioridade é testar soluções inovadoras na empresa. Também vamos ter (na «fábrica de inovação») equipas da Galp que vão trabalhar em temas disruptivos», explica Jorge Fernandes, o recém-empossado diretor de Inovação da Galp.
A nova «fábrica de inovação» que também é apresentada como uma plataforma que interliga diferentes intervenientes num negócio, vai contar com «satélites» na área do Porto (eventualmente em Matosinhos), Madrid e no Brasil. Eventualmente, algumas das 15 parceiras anunciadas durante o evento desta quinta-feira poderão vir a tornar-se visitas assíduas da UP.
«Se conseguirmos três ou cinco testes-piloto, então isso significa que que a seleção (do grupo de startups escolhidas para potenciais parcerias) foi bem feita», anunciou Jorge Fernandes, ainda no palco, perante os representantes das empresas inovadoras escolhidas em parceria com o Conselho Europeu de Inovação, da Comissão Europeia.
As 15 empresas provêm de nove países (Twevo e EQS Global são as representantes de Portugal) e foram escolhidas com o propósito de ajudarem a Galp a responder a desafios e oportunidades em quatro áreas: Digital; Mobilidade do Futuro; Smart Energy; e Economia Circular.
A perspetiva da Galp passa pelo investimento em soluções que possam ser comercializadas, com a partilha de benefícios e receitas para ambas as partes, mas Jorge Fernandes não enjeita oportunidades de negócio que, eventualmente, justifiquem uma entrada no capital de uma startup. A jovem empresa GoWithFlow é o mais recente exemplo de um investimento feito pela Galp num negócio disruptivo – mas Jorge Fernandes prefere manter todas as opções em aberto.
«Queremos ter capacidade para investir em startups, mas também podemos apostar no pagamento de soluções ou na co-comercialização», refere o diretor de Inovação da Galp.
Além das 15 startups escolhidas em parceria com o Conselho Europeu de Inovação, o futuro espaço que a Galp pretende montar nos próximos tempos em Lisboa poderá abrir-se a outras soluções, ferramentas e ideias de negócio que surjam ao longo do tempo e das necessidades do mercado. Jorge Fernandes acredita que pode muito bem ser o primeiro passo de uma nova caminhada: «Queremos que a plataforma UP seja uma janela para o mundo e uma porta de entrada para a Galp».
Lista das 15 startups selecionadas pela Galp para potenciais parcerias:
- Origin GPS (Israel)
- Aibox Lab (Holanda)
- TWEVO (Portugal)
- Cherry Data (Itália)
- Global Data Excellence (Suíça)
- Barbara IoT (Espanha)
- DEXMA Sensors (Espanha)
- Win Inertia Technologies (Espanha)
- Enerkite (Alemanha)
- Yodiwo (Grécia)
- Battery Check (República Checa)
- Recircula Solutions (Espanha)
- EQS Global (Portugal)
- IRIS Technology Group (Espanha)
- TWTG R&D (Holanda)