Pedro Costa tinha regressado a Portugal após dois anos a trabalhar em São Francisco quando resolveu ir ao Zero Latency. «Nunca tinha experimentado Realidade Virtual (RV) antes e fiquei imediatamente cativado pela tecnologia», explica à Exame Informática. Após vários meses a amadurecer a ideia de que tipo de negócio podia abrir nesta área, o empreendedor decidiu avançar a 1 de setembro com o Virtua Fun, um espaço em Odivelas onde até seis pessoas em simultâneo podem escolher uma panóplia de experiências de RV.
As sessões duram 30 minutos e custam €5 por pessoa, sendo que os equipamentos utilizados são headsets Oculus Go. À disposição estão mais de 15 jogos e experiências, adequados para diferentes idades. «Inicialmente, achava que o público-alvo seriam adolescentes e jovens adultos, mas são mais crianças, pelo que acabei por ir buscar mais experiências para esse público», explica Pedro Costa. Assim, ao contrário do esperado, dar tiros em zombies não tem sido das experiências mais procuradas, mas há um pouco de tudo à escolha, desde de filmes de terror a corridas de karts, passando por wingsuit e batalhas com bolas de neves, por exemplo. O catálogo está sempre a ser revisto e um simulador de aviões de combate é a aquisição mais recente.
As pessoas jogam sentadas em cadeiras giratórias, com o Oculus Go colocado na cabeça e um comando na mão, embora alguns títulos solicitem ao utilizador que se levante – para saltar de uma montanha, por exemplo.
«Comecei também com o sentido de teste de conceito – sei que o Zero Latency está a ter sucesso e que há interesse das pessoas em RV premium, mas algo como VR Arcade não sabia se havia interesse cá», salienta Pedro Costa. Para já, o Virtua Fun não faz dinheiro, mas se o mercado der uma resposta positiva, o empreendedor tem planos para o futuro: mudar para um espaço maior e adquirir Oculus Rift, HTC Vive e simuladores.
Mas, se esses são projetos para um futuro mais distante, Pedro Costa tem duas vertentes que deseja explorar a mais curto prazo: tirar partido da mobilidade dos equipamentos para levar experiências de RV a festas de aniversários e eventos corporativos. «Quem nunca experimentou, que é a esmagadora maioria da população, fica sempre de olhos arregalados e ainda não houve ninguém que não tenha saído com um sorriso de orelha a orelha», destaca.
O desenvolvimento de conteúdos é outro aspeto que Pedro Costa gostaria de abraçar, mas levanta outro tipo de desafios: «É preciso ver se há mercado. Hoje em dia, a RV é essencialmente para um público mais empresarial. Para o consumidor começa a haver alguma coisa, mas é relativamente recente. Muitas vezes, as pessoas pensam nisto como uma máquina de jogos ou consola, só que nunca ficam muito tempo a jogar». «Primeiro há que descobrir se as pessoas se interessam por isto e essa é uma das razões pelas quais não estou num centro comercial, onde as pessoas podiam parar e fazer uma vez; aqui as pessoas são quase obrigadas a vir de propósito», conclui.