Ao cabo de 16 meses a operar on-line sem interrupções, e de acompanhar mais de mil jogos das ligas profissionais de futebol, o e-Liga ficou em condições de apresentar um número sonante em jeito de balanço: mais de uma tonelada de papel foi poupada no tratamento de dados que clubes, organização de jogo, árbitros, e Liga têm de levar a cabo antes de disponibilizar a informação ao público. Tudo isto só é possível porque os diferentes intervenientes passaram a trabalhar com telemóveis, tablets, computadores ou smartwatches. Foi esta evolução que tornou a Liga Portuguesa de Futebol a primeira liga do mundo totalmente digital – e que deu o mote para a palestra de Pedro Proença na Web Summit. «Hoje conseguimos juntar todas estas vertentes de forma una e em tempo real. Tudo o que vai acontecendo quer antes, quer durante, quer após o jogo é fechado em pouco mais de cinco minutos», descreve o presidente da Liga numa pequen entrevista nos corredores da Web Summit.
O que mudou com o e-Liga? O que é que mudou com toda a digitalização da Liga?
Houve uma mudança de 180 graus. Tudo o que acontecia entes de 20145 era um processo muito maçudo, onde se usavam folhas e mais folhas, sistemas como os faxes, onde tudo o que acontecia durante um evento desportivo apenas era reportado 24 horas depois; tudo acontecia num tempo que não é o nosso tempo real nem o tempo das nossas necessidades. Com a introdução e investimento neste novo ecossistema, conseguimos juntar os cinco agentes que são fundamentais na e-Liga: árbitros, clubes, organizadores de jogos, Liga, e os fãs. Hoje conseguimos juntar todas estas vertentes de forma una e em tempo real. Tudo o que vai acontecendo quer antes, quer durante, quer após o jogo é fechado em pouco mais de cinco minutos. Tudo o que é o fluxo de informação e a maneira como está disponível para todos os que querem consumir futebol, para a organização e para quem necessita de rapidamente dar respostas – tudo isso acontece num clique. Só foi possível porque houve um grande investimento e a Liga percebeu que era preciso cortar com o passado que era muito denso, porque não servia as competições. Toda a gente está muito satisfeita. As introduções tecnológicas são únicas no mundo do futebol mundial… e se me perguntar se temos tido abordagens para exportar este conceito, direi que sim. Há muita gente interessada em fazer o copy/paste daquilo que é a nossa realidade. O sistema é muito amigo do utilizador e permite que toda a gente o aplique nas suas competições, sem grande formação.
Essa abundância e disponibilidade de informação ao público não aumentam o escrutínio e as polémicas no futebol?
É uma realidade com que temos de viver. O futebol é um conteúdo mediático. A indústria do futebol tem de se adaptar a essa realidade. Se não tivermos a capacidade de fazer com que este tráfego de informação aconteça em tempo real, acabamos por perder o comboio… porque há um conjunto de atividades paralelas que vão merecer das pessoas um foco bem mais intenso. O futebol tem de se adaptar a esta realidade. Há também a forma de percecionar a informação: ou percecionamos de uma forma negativa e estamos a alimentar aqueles que querem discutir o que nós não queremos discutir, ou percecionamos de uma forma positiva – que é aquilo que nós queremos. O futebol é “fun” e “engagement” entre toda a gente, e é isso que queremos elevar – é esta vantagem de ter informação em tempo útil para as pessoas que querem consumir futebol positivo.
Este investimento tecnológico ajudou a reduzir taxas de erro?
(hoje) Trabalhamos com uma taxa de sucesso de cerca de 99,99% relativamente a tudo o que é o fluxograma da informação. Os nossos parceiros tecnológicos são muito reputados – a Samsung, a Brandia e a Bitmaker, que são organizações que já traziam um know how muito intenso. E portanto a taxa de sucesso é também claramente positiva.
O investimento compensou?
Claramente. Direi que, em seis meses, teremos o retorno feito. As plataformas que usamos são muito leves…
Seria possível imaginar o e-Liga num campeonato do mundo de futebol?
É imaginável e é expectável que isso aconteça.