O exército vai investir 5,7 milhões de euros na compra de 36 drones que terão como missão a deteção de incêndios. Os primeiros veículos aéreos não tripulados deverão chegar aos hangares militares no próximo ano, informa o Jornal de Notícias (JN).
O investimento agora noticiado surge na sequência das palavras proferidas recentemente pelo Governo com vista a uma maior participação das forças armadas no combate e prevenção de incêndios – e a Lei de Programação Militar, que regula os investimentos nesta área, já deverá acautelar o esforço necessário para esse contributo.Os drones serão adquiridos tendo em conta as diretrizes da NATO e deverão ter uma dupla capacidade: reconhecimento do terreno e dos ares em que voam, e ainda deteção de fogos mediante a captação de panorâmicas aéreas. Os drones poderão ainda operar em articulação e em complemento às missões de aviões tripulados da Força Aérea.
Com base em informações recolhidas junto do Estado-Maior do Exército, o JN informa ainda que o futuro esquadrão de drones vai ter como elemento de ligação comunicações de rádio desenvolvidas pela empresa EID. O rádio PRC 525, que é made in Portugal, deverá funcionar como peça central das comunicações com os drones, e deverá ter a capacidade para transmitir automaticamente as localizações de veículos aéreos e dispositivos que se encontram em terra.
O sistema de rádio deverá estar suportado por mapas digitais. Com estas ferramentas, o Estado-Maior do Exército acredita poder amenizar a falta de um sistema fiável para a localização de equipamentos em cenários de combate a incêndios. Os drones e as comunicações de rádio são apenas uma das componentes dos investimentos esperados: também vão ser compradas cozinhas, geradores, purificadores de água e tendas de campanhas que deverão dar suporte a 600 a 800 pessoas. Esta vertente de investimento deverá totalizar 10 milhões de euros até 2026.
Um dia antes da notícia sobre o investimento nos novos meios de prevenção e reação a incêndios o Governo anunciou uma medida que abre caminho a contratos, com condições mais favoráveis, para os operadores de telecomunicações que procedam à instalação de condutas no subsolo de áreas geridas pela Infraestruturas de Portugal, para acomodar os cabos de redes em zonas de maior potencial de incêndio.
Os operadores poderão recorrer às já conhecidas calhas técnicas no subsolo para instalar os troços de rede principais ou como redundância aos cabos suspensos por postes, que são apontados como a principal vulnerabilidade as redes dos operadores de telecomunicações comerciais e também da Rede Nacional de Emergência e Segurança (RNES), que também usa esses cabos. De acordo com o Jornal de Negócios, os operadores que investirem em condutas subterrâneas ficarão isentos dos custos de acesso durante três anos. Os custos de uso do espaço usado nas condutas será 30% abaixo do valor de referência publicado pela entidade reguladora das comunicações (Anacom) nos oito anos que se seguem à instalação dos cabos. Estes valores apenas são aplicados nos concelhos mais expostos às calamidades naturais. Para beneficiarem destas medidas, os operadores terão de fazer as respetivas demonstrações de interesse nos 12 meses que se vão seguir à publicação do despacho ministerial.
A Infraestruturas de Portugal já começou a fazer a radiografia das configurações e tipologias de redes de telecomunicações nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra, Ansião, Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos, Arganil, Góis, Penela, Pampilhosa da Serra, Oleiros e Sertã – todos eles afetados pelas vagas de incêndio de junho e outubro. O Governo pretende que, nos tempos mais próximos, esse levantamento exaustivo se expanda a outros concelhos. Deste levantamento depende em grande parte a escolha do traçado das futuras condutas subterrâneas.