
Ainda não se sabe qual será o resultado das eleições legislativas, mas há já um dado adquirido: no dia 4 de outubro, o Governo vai estrear uma plataforma que permite apurar, em tempo real e num endereço de Internet, os resultados eleitorais e a afluência às urnas, à medida que vai sendo fechada a contagem de votos nos vários pontos do País. A plataforma e os diferentes serviços técnicos associados vão custar 679 mil euros.
«Os contratos foram celebrados por ajuste direto, nos termos das normas legais aplicáveis pelo Código dos Contratos Públicos», explica o MAI.
A plataforma batizada de Sistema de Inserção de Afluências e Resultados (SIAR) foi desenvolvida pela Critical Software, de Coimbra. Nas Europeias de 2014, o SIAR fez um primeiro teste confinado aos municípios de Sintra e Braga. Nas legislativas, esta ferramenta estende-se a todos os municípios do País, que passam a registar os dados diretamente à medida que são apurados.
A plataforma, que teve um custo de 306 mil euros, vai estar alojada no servidores da Secretaria Geral do MAI. Os responsáveis da Administração Interna recordam que o uso do SIAR tem por objetivo reduzir o recurso ao outsourcing, como sucedeu nas autárquicas e europeias passadas, que exigiram a contratação de um call center da PT.
Nas eleições europeias de 2014, o serviço de call center e a respetiva auditoria ficaram orçados em cerca de 400 mil euros. O recurso ao call center deveu-se à extinção dos governos civis, que asseguravam a comunicação dos dados apresentados no escrutínio provisório.
Mas ainda não será nestas legislativas que será feito o “corte” total com os call centers de empresas privadas: Para acautelar algum percalço ou falha registada junto dos municípios na hora de inserir os dados relativos à contagem de votos, o MAI contratou, junto da Meo, um centro de atendimento telefónico de pequenas dimensões, que terá um custo de 154 mil euros. Este call center poderá ainda tirar dúvidas aos cidadãos que vão votar ou que assumiram funções durante o escrutínio provisório e têm de lidar com o SIAR durante as eleições.
«Considera-se que o modelo agora adotado, é o mais adequado, e deverá ser utilizado em futuros atos eleitorais, à exceção de adaptações próprias de cada ato em si», responde o MAI quando inquirido pela Exame Informática.
O MAI admite deixar de recorrer à contratação de call centers, se o SIAR «continuar a dar a resposta esperada no futuro». Além do desenvolvimento da plataforma e do recurso ao call center da Meo, o MAI procedeu à contratação do serviço de redistribuição de conteúdos na Net que dá pelo nome de Akamai, a fim de mitigar eventuais ataques de hackers à plataforma que vai proceder ao denominado escrutínio provisório. O custo do Akamai está orçado em 198 mil euros.
Todo o processo tecnológico das eleições legislativas vai ser alvo de auditoria de peritos da Universidade do Minho, com um custo de 20 mil euros.