Um dia as cidades também poderão fazer um upgrade. E em mais de 90 cidades dispersas pelo mundo essa realidade já começou a ganhar forma: hoje, em San Diego, EUA, a Cisco fez saber que já conseguiu aplicar a famosa Internet das Coisas em mais de 90 cidades, que assim se tornaram cidades… inteligentes.
Durante o Cisco Live!, que arrancou segunda-feira, Wim Elfrink vice-presidente da Cisco, deu a conhecer uma receita com dois princípios elementares que devem sustentar a criação de um cidade inteligente: standards abertos e «novas regulamentações, porque as que existem estão obsoletas e não servem para operar com a digitalização». Esta receita tem por objetivo criar um novo ecossistema, que permite recolher dados de múltiplos sensores dispersos pelo tecido urbano para lançar novos serviços, que poderão ser úteis aos cidadãos ou gerar novos negócios e empregos.
Para a Cisco, a Internet das Coisas e as Cidades Inteligentes são uma área estratégica – e a apresentação do caso de estudo da Cidade de Kansas (na foto), que ainda há pouco tempo estava fora das andanças tecnológicas, serviu como exemplo do que se pode fazer com uma cidade conectada. Ou pelo menos dos objetivos que poderão ser alcançados com um sistema de monitorização da iluminação pública e do trânsito citadino, e a partir de 2016, da distribuição de água.
Sly James, presidente da câmara da Cidade de Kansas, no Estado do Missouri, EUA, acedeu a fazer as contas em público: o município deverá investir 3,7 milhões de dólares em redes e sensores urbanos nos próximos 10 anos. «O retorno desse investimento é alcançado quando conseguimos tornar a vida das pessoas mais agradável», explica Sly James.
Todo o ecossistema em torno da cidade inteligente que está a ser montada em Kansas tem ainda por base as parcerias privadas: a Cisco instala a rede de telecomunicações que liga os sensores; a operadora de telecomunicações Sprint ganhou um novo negócio ao gerir essa rede; e muitas outras empresas poderão vir a tirar partido dos repositórios de dados registados pelos milhares de sensores dispersos pela cidade.
Em paralelo com a instalação da nova infraestrutura, a Cidade de Kansas promoveu a incubação de negócios através da iniciativa Think Big – o que promete abrir caminho ao desenvolvimento de novas funcionalidades e de empresas de nova geração, que podem explorar a informação fornecida pelo município.
Hugh Martin, responsável da Sensity Systems e um dos parceiros no projeto, diz que, depois dos computadores, telemóveis e carros, é a vez de «as cidades virem a poder beneficiar de upgrades». E deu como exemplo a possibilidade de usar os sensores instalados em postos de iluminação pública para detetar tornados ou medir a espessura da neve.
Wim Elfrink recorda: as cidades inteligentes estão a gerar globalmente negócios de 2,3 mil milhões de dólares anuais. «No futuro, a concorrência será feita entre as cidades», garante o responsável da Cisco.