O caso, que já começou a ser denominado de Appgate, já levou a Apple a rever os termos de distribuição de aplicações para iPhones e iPads.
Depois de uma missiva enviada por advogados que pretendiam conhecer detalhadamente os regulamentos da App Store, a Apple anunciou ontem que as apps que recolhem dados da lista telefónica sem a autorização dos donos dos telemóveis passaram a ser proibidas no circuito de distribuição dominado pela “marca da maçã”.
«Estamos a trabalhar com o objetivo de melhorar as coisas para os nossos clientes e, como já tínhamos feito com os serviços de localização, qualquer app que pretenda aceder a contactos vai ter de explicitamente solicitar a aprovação dos utilizadores com o lançamento de novas versões», respondeu Tom Neumayr, um porta-voz da Apple, quando inquirido pelos meios de comunicação norte-americanos.
Apesar da rapidez da resposta, os advogados que confrontaram a Apple não se dão satisfeitos e lembram que a empresa ainda não indicou as razões que levaram à aprovação de várias aplicações que acedem aos contactos das listas telefónicas de iPhones e iPads sem o consentimento dos donos das máquinas. Desconhece-se, para já, quantas apps disponíveis na App Store levam a cabo esta prática.
Nos telemóveis Android, tudo indica que o acesso indevido à lista de contactos não é feito, uma vez que a Google exige que as produtoras de apps solicitem a autorização aos donos dos telemóveis para aceder aos dados que constam nas listas telefónicas, informa o The New York Times. Esta restrição acaba por ter contornos de curiosidade: é que ao contrário da Apple, a Google tem um regulamentos muito menos restritivos no que toca à produção de apps para Android.
Por enquanto, não há notícias quanto ao hipotético acesso indevido aos contactos dos utilizadores em telemóveis que correm Windows Phone.
Face ao descontentamento gerado pelos defensores da privacidade dos utilizadores a Federal Trade Commission (FTC), que regula as matérias relacionadas com o consumo nos EUA optou por não fazer comentários.
Em contrapartida, membros da Casa dos Representantes (parte do Congresso dos EUA), enviaram cartas para Tim Cook, líder da Apple, a solicitar explicações sobre o Appgate.
O caso teve início na semana passada com a denúncia feita pelo programador Arun Thampi, que acusava, num texto publicado num blogue, a app Path de aceder indevidamente aos dados das listas telefónicas dos utilizadores.
Depois do primeiro alerta, o caso não demorou a tomar proporções até envolver alguns dos nomes mais sonantes das apps, em particular, e da Internet, em geral.