Um estudo da empresa de cibersegurança NordVPN afirma que mais de um terço das pessoas em todo o mundo (36%) dizem ter visto um anúncio de um produto ou serviço a aparecer nos seus smartphones logo após terem falado sobre ele ou terem assistido a algo relacionado com o mesmo na televisão. 42% dos inquiridos que repararam nos anúncios dizem que isso os fez sentirem-se rastreados ou seguidos, enquanto 58% admitem não ter ideia de como evitar que isso aconteça.
Este fenómeno de ‘escuta’ deve-se a um tipo de monitorização de dados denominada rastreamento cruzado ultrassónico de dispositivos, explica a NordVPN em comunicado de imprensa. É assim que as apps no smartphone ouvem o ruído de fundo — incluindo conversas — para recolher mais informações sobre o utilizador, sendo que, “depois, elas partilham estes dados com outros dispositivos”, afirma Adrianus Warmenhoven, consultor de segurança da empresa.
As informações que revelam o comportamento das pessoas entre dispositivos são valiosas para os anunciantes, mas este tipo de rastreamento é controverso devido à falta de transparência e às preocupações com a segurança dos dados dos consumidores. A NordVPN explica que uma parte fundamental do rastreamento cruzado de dispositivos assenta na utilização de sinalizadores (‘beacons’) de áudio, que são incorporados no ultrassom (frequências acima do nível que podem ser ouvidas por humanos) e podem ligar-se ao microfone nos dispositivos sem que o utilizador se aperceba. “Este é um dos motivos pelo qual muitas apps pedem permissão para aceder ao microfone do smartphone, mesmo que não envolvam usar a sua voz”, refere o comunicado.
Como funciona e como evitar
O rastreamento cruzado ultrassónico é usado como um método para ligar os diferentes dispositivos que o utilizador tem para rastrear o seu comportamento e localização. Estes ‘beacons’ podem ser incorporados em outras coisas com as quais se interage diariamente: programas de televisão, vídeos online ou apps nos smartphones.
Um exemplo prático é uma pessoa estar a ver televisão e aparecer um anúncio de um produto (vamos usar um perfume como exemplo). Depois, quando pega no smartphone, o utilizador é brindado com um anúncio a esse perfume no ecrã. É que, segundo a NordVPN, ao usar ultrassons, os sinalizadores de áudio podem detetar quando o telefone está próximo e as apps no smartphone podem ouvir os ‘beacons’ de áudio próximos para rastrear o que a pessoa está a fazer.
“Embora seja impossível impedir que os ‘beacons’ ultrassónicos funcionem, pode reduzir a hipótese de o seu smartphone os ouvir simplesmente restringindo as permissões desnecessárias que concedeu às apps no seu dispositivo”, salienta Adrianus Warmenhoven.
Entre os outros conselhos da empresa de cibersegurança está o recurso a um browser privado como o Tor ou o DuckDuckGo em vez do modo incógnito do Google Chrome, já que estes navegadores não traçam o perfil do utilizador nem guardam dados pessoais para partilhar com profissionais de marketing. E, por fim, a utilização de uma VPN, uma ferramenta que encripta as informações sobre a atividade na internet e interrompe o rastreamento baseado no endereço de IP.