Centenas de milhões de internautas que usam serviços do Yahoo viram as respetivas contas de e-mail devassadas por um software espião criado à medida pelo próprio portal. Segundo a Reuters, esse software estava apto a vistoriar as contas de e-mail alojadas no Yahoo com o propósito de recolher informação previamente solicitada pela Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) e Federal Bureau of Investigation (FBI).
A notícia, que tem por base três fontes não identificadas, revela ainda que este será o primeiro caso conhecido de uma empresa norte-americana que terá aceitado produzir um programa espião para aceder à correspondência eletrónica de internautas, seguindo ordens de agências de espionagem ou das polícias norte-americanas.
A Reuters refere ainda que a decisão de espiar as caixas de correio dos internautas terá sido tomada na sequência de uma diretiva do governo dos EUA que se encontra sob sigilo. Em 2008, foram inseridas cláusulas no denominado Foreign Intelligence Surveillance Act que deram aos serviços de Informação dos EUA o poder de exigir aos operadores de telecomunicações ou empresas de Internet informação de internautas, que possa ser usada em diferentes operações relacionadas com a segurança interna ou o combate ao terrorismo.
A Yahoo não desmentiu este exclusivo da Reuters: «A Yahoo é uma companhia que respeita a legislação e que aplica as leis dos EUA», refere um comunicado da administração da empresa que gere o portal, recusando acrescentar detalhes sobre o assunto.
Marissa Mayer, a CEO da Yahoo, poderá estar numa posição cada vez mais fragilizada. Além do impasse estratégico dos últimos tempos e do escândalo relacionado com a fuga de informação sobre passwords e registos de 500 milhões utilizadores, a CEO tem agora de garantir que a recente aquisição pela Verizon prossegue sem sofrer uma desvalorização ou uma desistência. A este dado juntam-se as análises dos peritos de segurança que recordam que a Yahoo não terá recorrido à justiça para questionar o âmbito das diretivas de segurança ou para travar o pedido de desenvolvimento de uma aplicação capaz de espiar a correspondência eletrónica de centenas de milhões de internautas.