São dois videos e três decapitações. Aparentemente todas elas terão ocorrido no México, devido a vinganças entre cartéis da droga. Pouco mais se sabe sobre estes vídeos além daquilo que é dado a ver: uma mulher a quem é cortada a cabeça; e dois homens que sucumbem ao mesmo fim trágico.
Os dois filmes começaram a ser partilhados, na semana passada, no Facebook. Nos EUA e no Reino Unido, entidades dedicadas à proteção de menores na Net não tardaram a apresentar queixa, com o objetivo de que os vídeos fossem removidos.
A primeira resposta do portal social não podia ser menos polémica: «Vimos o vídeo em causa, mas consideramos que não viola as Normas da Comunidade do Facebook no que toca à violência em termos gráficos, o que inclui fazer mal a alguém ou alguma coisa, ameaças à segurança da população, roubos ou vandalismo».
Numa outra resposta que levou entidades como a Family Online Safety Institute (Fosi), dos EUA, a considerarem que o Facebook tinha ido longe de mais, a rede social recorda que também a TV recorre a imagens chocantes e que os internautas têm o direito de usar imagens violentas para descreverem a violência do mundo atual.
Nos dias que se seguiram, o caso ganhou dimensão mediática, as pressões de associações de pais e defesa dos menores na Internet aumentaram e o Facebook acabou por rever a decisão de remoção dos vídeos – e anunciou mesmo que pretende reanalisar as políticas de publicação de conteúdos.
Arthur Cassidy, psicólogo que se dedica à prevenção do suicídio no Reino Unido, recorda, numa entrevista à BBC, que a proliferação de vídeos de violência extrema pode ter efeitos nefastos e duradouros no plano psicológico. Flashbacks, ansiedade, ataques de pânico são alguns do sintomas que poderão afetar crianças e adultos que visionem estas imagens repetida ou prolongadamente.
O especialista britânico alerta ainda para outro efeito negativo que as partilhas de conteúdos violentos podem ter: «Estamos preocupados com impacto profundo e incontrolável que isto pode ter numa comunidade inteira».