A sonda InSight da NASA esteve a monitorizar a atividade sísmica em Marte durante três anos, até dezembro de 2022, e detetou um sismo de 4,6 em maio de 2022. Apesar de esta intensidade o qualificar como um terramoto médio no nosso planeta, a magnitude foi maior do que todos os outros de que há registo em Marte, juntos.
Doyeon Kim, do Instituo de Geofísica de Zurique, afirma que o “sismo originou ondas que viajaram pela superfície de Marte. A partir deste evento, o maior sismo detetado durante toda a missão InSight, observamos ondas que circularam Marte até três vezes”. As conclusões estão publicadas no ESS Open Archive, mas ainda não foram validadas pelos pares.
Com estes dados, e juntando informações de medições anteriores, a equipa de Kim conclui que a crosta do planeta ‘vermelho’ varia entre os 42 e os 56 quilómetros em média, chegando na parte mais espessa aos 90 quilómetros: “a crosta marciana é (em média) muito mais grossa do que a da Terra ou a da Lua”, refere Kim. É na vasta região de Tharsis que a crosta marciana é mais grossa, numa área que mede mais de oito mil quilómetros de comprimento e alberga os três maiores vulcões do planeta. No nosso planeta, a crosta tem entre 13 e 17 quilómetros, enquanto na Lua estima-se que varie entre os 34 e os 43 quilómetros.
Os resultados analisados mostram ainda um grande contraste entre os hemisférios Norte e Sul de Marte, uma dicotomia já observada pelo menos desde a década de 1970. Apesar de haver diferenças topográficas acima da superfície, a espessura da crosta parece ser semelhante nas duas grandes áreas do planeta.