O longo ciclo reprodutivo e de crescimento das árvores pode ser reduzido com recurso a edição genética. Uma equipa de investigadores da Universidade da Geórgia, nos EUA, usou o sistema de edição de genes CRISPR para preparar as sementes de choupos por forma a acelerar todo o processo de florescimento e crescimento desta árvore. O processo que na Natureza pode vir a demorar uma década foi reduzido para alguns meses apenas.
A seleção dos melhores espécimes de cada árvore incide muitas vezes na análise de cruzamentos e afinações que podem ser efetuadas ao nível do tamanho, aparência, valor nutricional, resistência a pestes e tolerância a condições mais adversas, como calor, frio, salinidade ou seca. No caso dos vegetais, o processo é relativamente rápido, demorando poucos meses até atingirem a maturidade, mas nas árvores o caso ‘muda de figura’ e pode arrastar-se durante anos até se poderem analisar os resultados, devido ao processo de crescimento mais lento. É aqui que entra a edição de genes, como o sistema CRISPR.
Os cientistas usaram a técnica para eliminar o gene conhecido por CENTRORADIALIS (CEN) responsável por reprimir a iniciação da flor em choupos em crescimento, permitindo que espécimes em laboratório florescessem muito mais rapidamente. “Usar a CRISPR para editar o gene repressor do florescimento permitiu comprimir o tempo de florescimento de mais de sete anos para três ou quatro meses e o período de desenvolvimento de órgãos florais para poucos dias”, afirma C. J. Tsai, que liderou a equipa, à publicação New Atlas.
A equipa pretende agora aplicar as mesmas descobertas a outras espécies, nomeadamente reprimir o gene responsável pelo florescimento nas sementes semelhantes a algodão e que provocam alergias em algumas pessoas na primavera. Tsai conta que este trabalho “fornece a base molecular para desenvolver sementes sem pêlos, o que poderá reduzir a expansão de alergéneos nas áreas urbanas ou em florestas”.