Apesar do que tem vindo a ser defendido por jornalistas, académicos e políticos, não há evidências de que a maior acessibilidade da Internet e a proliferação das redes sociais estejam a levar mais pessoas a acreditar em teorias da conspiração. Um estudo do PLOS One procurou responder à pergunta sobre se a crença nas teorias da conspiração tem vindo a aumentar com o passar do tempo nos EUA e em seis países europeus, concluindo que tal não se verifica.
Os autores revelam que as teorias da conspiração são “mais persistentes e uma característica mais ubíqua da sociedade humana” do que se julga. Pela positiva, não parece haver indícios de que as redes sociais ou os jornais online, mesmo quando usados como veículos de desinformação, estejam a atrair mais crentes do que acontecia até agora.
“Examinamos crenças em dezenas de teorias da conspiração específicas, perceções de quem se acredita estar envolvido nestas teorias e na predisposição geral para interpretar eventos e circunstâncias como produto destas teorias – em caso algum observamos um aumento médio nestas crenças”, afirma Adam Enders, cientista da Universidade de Louisville, citado pelo Science Alert.
Em relação à Covid-19 especificamente, os investigadores não encontram evidências de que as pessoas acreditem em mais teorias da conspiração sobre a pandemia, havendo até algumas que perderam popularidade no último ano, nomeadamente a que diz que Bill Gates está por trás deste fenómeno. Sobre os QAnon, em agosto de 2019, 5% das pessoas inquiridas nos EUA afirmava acreditar no movimento. No entanto, cerca de 50% acreditam em aspetos defendidos por este movimento, como a existência de um ‘estado secreto’ ou nos traficantes sexuais nas elites. Com o passar do tempo, não se registou um aumento no número de crentes ou na popularidade destas teorias. Das 46 teorias analisadas, só sete aumentaram de popularidade nos EUA nos últimos anos.
O estudo apresenta resultados que sugerem que o aumento de visibilidade pública das teorias da conspiração cria uma ilusão de que estas se estão a tornar um problema maior, mas que na verdade a popularidade destas se mantem constante. O combate à desinformação permanece vital para a democracia e para a saúde pública.
Pode ler o estudo completo publicado no PLOS One aqui.