O Landsat 8 da NASA e do US Geological Survey captou, a 20 de novembro, uma imagem de rara beleza que ilustra o momento em que uma formação de gelo cruzou um canal de água entre a Ronne Ice Shelf e o Mar de Wedell, na Antártida. A formação de gelo esteve a flutuar pelo canal de água que mede cerca de seis quilómetros, sendo que este fenómeno raro só acontece quando determinadas condições atmosféricas o permitem.
O Space.com conta que o gelo no mar é composto por várias camadas (brancas, as mais antigas, e uma cinzenta no topo, a mais recente) e costuma estar bastante mais perto da Ronne Ice Shelf. Nesta imagem, vemos que os ventos o arrastaram para longe e criaram assim uma passagem que foi cruzada por uma formação de gelo mais frágil, com apenas dez centímetros de espessura. O gelo foi empurrado pelos ventos fortes ao longo da abertura que estava disponível, explica o Observatório da Terra da NASA.
Os investigadores estimam que tenham sido criados vórtices de vento na camada de água perto da superfície, fazendo com que a água rodasse na vertical, em padrões circulares perpendiculares à direção do vento. Nos locais onde as rotações convergiam, o gelo frágil acumulou-se, criando os raios de cor cinzenta clara que se veem na imagem. Uma dúvida que ainda persiste prende-se com a cor azulada que é vista e que geralmente só se regista quando os glaciares e o gelo dos mares se tornam tão densos que absorvem luzes em comprimentos de onda mais longos e refletem apenas o azul: “Não tenho a certeza de como o gelo do mar consegue a cor azul, mas é possível que tenha sido comprimido o suficiente para causar este efeito”, assume Walt Meier, cientista especializado do US National Show and Ice Data Center.
Com as alterações climáticas, os investigadores acreditam que este tipo de fenómenos possa vir a acontecer com maior frequência.