Era um verdadeiro jardim zoológico. O mais famoso traficante de droga de todos os tempos viveu rodeado de animais exóticos, que importava ilegalmente. Girafas, leões, aves e hipopótamos faziam-lhe companhia na sede do seu Quartel de Medellín. Depois da sua morte, em 1993, numa operação de caça ao homem promovida pelas forças policiais, os animais continuaram por ali. Agora, trinta anos depois, as autoridades colombianas anunciam ter dado início à operação de esterilização dos animais, que são já mais de oitenta.
Na primeira etapa deste projeto piloto, conduzido pela agência ambiental Cornare, a operação de castração química foi aplicada em 24 animais, naquela que é uma experiência única no mundo. Com a colaboração americana, que doou o medicamento, foi seguida uma estratégia que passou por aplicar a substância, com dardos, quer a animais capturados para um curral, quer diretamente nos lagos.
“Com este controle de natalidade, tenta-se resolver parte do problema que representa a presença desta espécie e o seu crescimento descontrolado nesta zona do país”, explica a Cornare na sua página. O crescimento descontrolado desta espécie num habitat a que não pertence põe em risco a fauna e a flora local, além de impedir os pescadores de trabalhar nos rios por onde andam. Já tinham sido tentadas várias estratégias, sem grande sucesso. O recurso à GonaCon, uma vacina imunocontraceptiva, que desencadeia uma resposta imunitária contra uma hormona essencial à reprodução, veio dar um novo ânimo aos ambientalistas do país.
A GonaCon já foi amplamente testada em animais, como veados e cangurus, e também ratos, gatos selvagens e cães. Praticamente não apresenta efeitos secundários e exige apenas uma aplicação. Trinta anos depois, aquele que é considerado o maior criminoso de sempre, ainda faz estragos.