Um grupo de trabalho da Universidade da Carolina do Norte publicou um estudo no ACS Applied Materials & Interfaces onde demonstra ter conseguido usar um método de impressão a jato para criar camadas de tinta com capacidade de condução de eletricidade e que pode abrir caminho aos dispositivos wearable do futuro. A vantagem desta abordagem é que a impressora pode estar a operar à temperatura ambiente e em condições atmosféricas normais, sem requerer qualquer tipo de instalação especializada. Outra vantagem é que o estudo mostra que as técnicas já usadas na indústria da eletrónica flexíveis podem ser usadas para criar tecidos com estas propriedades.
A equipa usou uma impressora Fujifilm Dimatix para criar um material durável e flexível. O desafio foi encontrar a composição correta da tinta para que não fosse absorvida pela porosidade do têxtil, mantendo as suas capacidades de condução de eletricidade, explica o EurekAlert.
Jesse S. Jur, professor de Engenharia Têxtil naquela universidade, explica que a impressão a jato de tinta já é usada na eletrónica flexível, como na produção de ecrãs de smartphone por exemplo, e que estas técnicas e materiais podem ser aplicados na produção de e-têxteis para os dispositivos wearable do futuro. “Quisemos construir uma estrutura camada a camada, algo que ainda não tinha sido conseguido com a impressão a jato de tinta. Foi um grande desafio encontrar a composição correta”, complementa Inhwan Kim, estudante da universidade e que assina o estudo.
A técnica passa pela impressão de camadas de tinta prateada, entre duas camadas de materiais líquidos que serviram de isolador. Todo o conjunto foi aplicado num tecido de poliéster e monitorizado depois através de um microscópio. A equipa concluiu que as propriedades químicas dos materiais escolhidos são importantes para manter a capacidade da tinta em conduzir as cargas elétricas. O material produzido foi dobrado múltiplas vezes e manteve as suas propriedades condutivas.
“Quisemos uma camada isoladora robusta no meio, mas quisemos mantê-la o mais fina possível, com a maior performance elétrica possível. Além disso, se os tecidos forem demasiado grossos, as pessoas não os irão usar”, explica Kim.
Os cientistas pretendem agora criar um e-têxtil que possa ser usado para criar um aparelho biomédico que monitorize o batimento cardíaco ou que sirva de bateria para dispositivos eletrónicos.