Uma equipa de cientistas da Universidade de Aalto desenvolveu um modelo de Inteligência Artificial que consegue imitar a forma como os seres humanos escrevem nos aparelhos móveis, incluindo as gralhas e erros e a forma de os corrigir. O simulador pode ser usado para ajudar os utilizadores com deficiências motoras ou outras incapacidades a preencher formulários ou outros documentos. O estudo completo foi apresentado na conferência Computer-Human Interaction.
Jussi P. Jokinen, que liderou o estudo, explica que “o poder desta abordagem é que estes modelos não se cansam, não se queixam de que estamos a usá-los ou exigem dinheiro para participar em experiências. Conseguimos correr centenas de simulações de cenários ‘e se’”. O investigador inspirou-se no universo de Star Trek e já trabalhou anteriormente no desenvolvimento de um ecrã tátil ajustado para os mais velhos. Agora, a questão que pretendia ver respondida era sobre o motivo pelo qual nem todos conseguem escrever ao mesmo tempo num ecrã tátil e explorar um pouco a forma como os indivíduos se adaptam a novas interfaces, dependendo do seu nível de conhecimento ou outras limitações, explica o Academic Times.
Os modelos existentes falham em perceber a rapidez com que os seres humanos identificam o erro e o corrigem e também as funcionalidades de corretor automático, pelo que esta solução de IA pode vir a preencher algumas lacunas. “A IA é verdadeiramente poderosa na descoberta destes padrões e na exploração de novas formas de tomada de decisão”, explica Jokinen.
Esta solução consegue mapear o movimento dos dedos e dos olhos, validar o texto escrito e prever erros num conjunto comparável de seres humanos, sendo ajustável a diferentes variáveis, como as palavras por minuto ou no tempo dispendido entre dois toques. No total, são dez variáveis que podem ser medidas e aplicadas por este algoritmo.
Os 30 participantes transcreveram frases num Galaxy S6, com o teclado no fundo do ecrã e a área de escrita no topo, para se conseguir perceber bem a diferença entre os movimentos dos dedos e os dos olhos. O sistema pode ser ajustado a pessoas a escrever com uma mão, com duas mãos, a pessoas com Parkinson ou outras doenças que resultem em tremores e ajudar a criar tecnologias mais inclusivas.
Um estudo de 2020 mostra que duas em cada três pessoas do mundo usam smartphones, num total de 5,22 mil milhões de pessoas pelo que investigações sobre a forma como se escreve nestes tipos de ecrãs vai ajudar a ajustar o desenvolvimento de futuros equipamentos para poderem ser mais facilmente usados.