Um estudo do Interdisciplinary Center Herzlya analisou a resposta emocional de quase cem pessoas a uma experiência dolorosa contada via Realidade Virtual (RV) e à mesma experiência contada em vídeo 2D. Verificaram que os participantes sentiram maior empatia e compaixão quando a história foi contada em RV do que em vídeo tradicional. As primeiras conclusões permitem inferir que a RV pode ter mais sucesso a induzir respostas fisiológicas complexas associadas à compaixão, presença e motivação.
A experiência foi conduzida num laboratório especialmente preparado para monitorizar os sinais fisiológicos, como a contração dos músculos faciais ou a resposta fisiológica de 70 mulheres, enquanto assistiam a um monólogo de seis minutos de uma outra mulher a contar uma experiência dolorosa. Deste grupo de 70, 37 viram a história num vídeo tradicional 2D, enquanto as restantes 33 assistiram à experiência em RV, com um headset. As participantes que viram em RV manifestaram uma maior propensão em imitar os trejeitos e expressões da pessoa que estava a contar a história, emanando empatia, ou sentido de identificação com o que ouviam. Na análise às respostas subjetivas, não houve diferença entre ambos os grupos, explica o The Academic Times.
Os investigadores lembram que o ‘espelhamento’, ou seja, o comportamento subconsciente de imitar as expressões faciais de quem nos está a contar algo, é uma forma de o ser humano demonstrar empatia com o outro. Em algumas situações, esta pode ser a maneira encontrada para mostrar uma maior motivação social e compromisso. A equipa analisou então a resposta dos músculos junto da zona das sobrancelhas e da testa e de outra região associada aos sorrisos, nos músculos zigomáticos das bochechas.
Yulia Golland, que liderou o estudo, lembra que já houve trabalhos no passado que ligam os conteúdos em vídeo tradicional à alteração emocional e às respostas cardiovascular e eletrodermal dos utilizadores. Agora, com a popularização e a redução nos custos da Realidade Virtual, o objetivo é perceber as propriedades interativas únicas deste formato e a maneira como alteram a resposta emocional dos participantes.
“O poder da RV não é induzir efeitos emocionais fortes, porque os filmes são perfeitos para as emoções fortes”, explica Golland. O que distingue a RV é a capacidade de imersão da pessoa no espaço físico de outra, algo que é referido como a presença social. Assim, este formato pode ser bastante útil para replicar interações presenciais, servindo de alternativa para capturar um sentimento intangível de presença.