A sonda OSIRIS-REx está a pairar a um quilómetro de altura do asteroide Bennu e vai tentar, no dia 20, aproximar-se para recolher amostras do solo. Mas a sonda já detetou que circuitos de água atravessaram, em tempos, a superfície de Bennu.
O asteroide, que está a 321 milhões de quilómetros da Terra, tem uma composição química e geológica rica em material orgânico e terá sido formado nos primórdios do Sistema Solar. Os investigadores querem perceber mais sobre a formação dos asteroides e sobre como é que o Sistema seria nos seus primeiros tempos.
As publicações científicas Science e Science Advances revelam vários estudos elaborados com base nas observações da sonda da NASA e uma das conclusões é de que há veios ‘cavados’ à superfície, na região de crateras Nightingale, que indiciam a passagem de água. Pelo tamanho dos veios, os investigadores estimam que tenha mesmo existido um complexo e extenso sistema de cursos por onde a água fluía há milhões de anos. Os cientistas encontraram evidências idênticas em rochas com composição geológica semelhante à do Bennu.
Com recurso a espectroscopia de infravermelhos, outra equipa concluiu que há minerais de carbono um pouco por todo o asteroide. Amy Simon, cientista planetária do Goddard Space Flight Center da NASA, espera poder analisar as amostras que a sonda vai recolher e encontrar vestígios destes e de outros materiais, que forneçam pistas sobre a forma como o Bennu se formou a partir da colisão de um asteroide maior e que os restos dessa colisão se juntaram num órbita próxima da Terra.
As câmaras de infravermelho mostram ainda que as crateras e superfície de Bennu são ricas em rochas raras: “É provável que não tenhamos espécies semelhantes nas coleções de meteoritos na Terra, da Lua ou de Marte porque as rochas não devem conseguir sobreviver por si sós a uma entrada na atmosfera”.
As observações enviadas pela sonda revelam que a gravidade em Bennu é mais fraca, uma vez que foi possível detetar pequenos grãos de vestígios a serem ejetados da superfície. “Embora as medições atuais não resolvam todas as nossas questões sobre a evolução deste tipo de asteroides, permitem sim reduzir significativamente o leque de opções e vão permitir maior foco nas investigações futuras, as teóricas e as in situ”, descreve D. J. Scheeres, um engenheiro Universidade do Colorado.